Páginas

Páginas

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Entrevista com Gustavo Brauner

Bom dia Leitores do Blog. É com imenso prazer que eu Fernando Brauner entrevisto o meu primo e amigo Gustavo Brauner. Perguntas que Talvez muitos rpgistas tivessem. Algumas dessas perguntas vieram a mim de outros jogadores de RPG. Agradeço ao Gustavo por poder dispor de um tempo para responder essas questões e a vocês leitores, por seus comentários.

1 – Qual a sua parte preferida do processo de game design: regras (classes, raças, talentos, magias, etc) ou história (criar NPCs, seus históricos, planejar os eventos, etc)?

Eu gosto de mestrar. Sempre gostei. É o que eu mais gosto de fazer em RPG. Por isso, gosto tanto da parte de regras quanto de escrever histórias… Mas colocando as duas coisas na balança, acho que gosto mais da parte de criar cenários, NPCs, aventuras e histórias.

2 - Se considera melhor escrevendo regras (classes, raças, talentos, magias, etc) ou a parte mais literária (criar NPCs, seus históricos, planejar os eventos, etc)?

Me considero melhor escrevendo histórias. Não que eu seja ruim com as regras, mas acho que a parte “literária”, por assim dizer, flui melhor.

3 - Escrevendo a DragonSlayer você trabalha com o material que a Jambo detem os direitos de publicação. Qual dos sistemas prefere, M&M, 3D&T ou Tormenta RPG?

Aqui entram duas questões.
Uma tem a ver com gosto e preferência pessoal.
Outra, com gosto e preferência de um ponto de vista profissional.

Do ponto de vista profissional, acho Mutantes & Malfeitores absolutamente fantástico. Ele tem regras fáceis, um sistema superágil e dinâmico. Além de ser genérico, o que permite jogar qualquer tipo de aventura — não apenas supers, mas também espionagem, anime/mangá, fantasia, ficção científica… Sem nunca perder a facilidade, o dinamismo e a agilidade.

3D&T Alpha é a mesma coisa. É ainda mais ágil e rápido que M&M, e também é genérico. Precisa de um pouco de flexibilidade do grupo de jogo para partidas mais realistas, mas comporta bem qualquer tipo de aventura, de fantasia à ficção científica, passando por todos os gostos e gêneros.

Do ponto de vista pessoal, meu preferido é Tormenta RPG. Adoro fantasia medieval. Eu joguei AD&D por muito tempo, e sou fã do sistema até hoje. O AD&D capturava de maneira única o espírito das aventuras do cinema e da literatura. D&D 3.x foi um avanço tremendo em termos de regras (da segunda para a terceira edição), e se tornou um jogo muito melhor que o AD&D era. E Tormenta RPG é a meu ver um avanço sobre as regras da terceira edição, com um adendo: Tormenta RPG captura o espírito de AD&D com muito mais intensidade que D&D 3.x. Então, por ter as melhores regras e pela maneira como o Tormenta RPG captura o espírito das aventuras do cinema e da literatura, ele é o meu preferido.

4 - É sabido que alguns autores participaram mais de certos aspectos do cenário, como o Saladino da parte mais arcana, Academia Arcana, Vectora, etc, Trevisan criou a Aliança Negra, o Cassaro foi autor da Holy Avenger e criador do Arsenal e Caldela acabou participando mais da Tormenta, as áreas da tormenta, etc.v  O que você criou que seja só seu? Qual o plot do cenário que é mais Gustavo Brauner?

Em termos de publicações, acho que as Guerras Táuricas.
 Do ano passado para cá, tenho trabalhado os elfos e os anões de Arton. Os elfos têm dado bastante o que falar, e vem muita coisa por aí. Ninguém tem falado muito nos anões, mas tem coisas reservadas para eles também.

5 - Valkaria foi resgata por heróis, Arsenal derrotado por heróis, a lenda da morte de Thwor Ironfist fala de uma flecha de fogo. Pretendem fazer alguma aventura sobre isso?

Thowr Ironsfit, a Aliança Negra e a Flecha de Fogo são tramas centrais de Tormenta. A gente vai desenvolvê-los ainda mais, e é claro que, como em todas as grandes sagas de Arton, os heróis terão papel fundamental na história.

Além das notícias da Gazeta do Reinado, que sempre trazem ganchos, as duas aventuras “dos elfos” na DragonSlayer #33 são o começo de algo grande envolvendo a Aliança Negra, a Flecha de Fogo e Thwor Ironfist. Além, é claro, dos heróis de Arton. Eu disse “dos elfos”, entre aspas, porque na verdade aventureiros de outras raças também podem participar.

6 - Muito esta se dizendo sobre a reunião élfica e nos próximos meses teremos a resposta sobre esse plot, mas você pode nos dar alguma informação/spoiler?

A DragonSlayer #33 traz duas aventuras decorrentes da Reunião Élfica. Elas envolvem os elfos de Arton e também aventureiros de outras raças. Essa trama vai ser desenvolvido aos poucos e sem pressa, especialmente porque, em se tratando de elfos, das decisões à ação pode levar anos.

Eu acompanho as discussões no fórum da Jambô e também em outros blogs, e vejo que o pessoal está ansioso pela aventura dos elfos na DragonSlayer #33. O que eu posso dizer é: este é o começo, não o fim da guerra entre elfos e goblinoides. Na verdade, está mais para um prólogo do que para o começo propriamente dito.

Não gosto de dar spoilers, mas posso dizer que vem mudanças por aí. Embora quase todos os elfos de Arton continuem muito desgostosos e envergonhados com a perda de Lenórienn e a queda de Glórienn (ou, melhor, com a entrega dela à proteção de Tauron), existem uns poucos, bem poucos elfos mesmo, quase todos aventureiros, que não se entregaram à vergonha e ao desespero. E esses querem dar o troco na Aliança Negra.

It’s payback time, baby!

7 - Que outras novidades vocês pretendem para TRPG esse ano?

O Leonel [Caldela] está terminando o Guia da Trilogia, e ainda esse ano vai escrever o Império de Jade.
 Eu estou terminando Mega City, e então termino o Manual das Raças, livro que está semipronto desde antes do próprio Tormenta RPG. Ainda vem pelo menos mais um volume do Bestiário de Arton também, novamente em parceria entre eu e o João Paulo “Nume Finório” Frascisconi.

Estes são os títulos certos, quase prontos para sair. Ainda vem mais novidades de Tormenta por aí, tanto nas prateleiras das livrarias quanto nas bancas, com a DragonSlayer, mas por enquanto vamos ficar com o que é certo.
 Ainda este ano, não de Tormenta, vem aí Mega City, o cenário oficial de 3D&T Alpha. As prévias têm saído na DragonSlayer desde o ano passado.

8 - Existem planos para um novo guia de cenário pra tormenta, algo nos moldes do Reinado d20/3d&t, que fale dos reinos dentro do Imperio e do Reinado?

Na verdade, sim, existe. Nós [o Trio Ultimate e o Trio Tormenta] temos discutido o formato desse guia de cenário, mas ainda não chegamos a uma decisão. Talvez seja um caixa com mais de um livro. Vamos ver.
 O que posso dizer é que o título de trabalho é O Mundo de Arton. Sem previsão de publicação.

9 - Qual a sua formação de nível superior? E como ela influenciou na sua carreira de escritor de rpg?

Eu sou formado em Letras — Inglês, tenho mestrado em Linguística Aplicada e Doutorado na mesma área.
 Quanto à carreira com RPG, minha formação me influenciou principalmente no que tange a escrita e a construção de histórias, personagens e cenários.
 Além disso, eu comecei no RPG como revisor, coisa que eu já fazia por fora há algum tempo.

10 - Como foi que surgiu o primeiro Trabalho com o Trio Tormenta?

Quando Tormenta passou para a Jambô, o Rafael e o Guilherme [os irmãos dei Svaldi, donos da editora Jambô] me convidaram para atuar como revisor. Fã do cenário, claro que aceitei!
 Meus dois primeiros trabalhos com Tormenta foram Tormenta d20: Guia do Mestre e O Inimigo do Mundo.

No meio disso, o Marcelo Wendel [da Editora Mantícora], que na época era um dos editores da DragonSlayer, me convidou para escrever algumas notas e matérias para a revista. Como o Trio original trabalhava na revista, pode-se dizer que esse foi outro “primeiro trabalho” com o Trio Tormenta original.

11 - Você tem planos de escrever um romance próprio?

Sim, tenho planos de escrever um romance próprio, mas não para um futuro próximo. E espero que não fique só no primeiro título!

12 - Algum plano pra retomada dos Reinos de Moreania para a revista DragonSlayer em um futuro próximo?

A gente conversa sobre os Reinos de Moreania de vez em quando. Por enquanto, não tempos planos concretos para o cenário, mas existe a vontade de publicar suplementos ambientados nele.
 Eu recentemente reli todo o material publicado sobre os Reinos de Moreania e isso, aliado à leitura de DBRide — A Noiva do Dragão, me deram algumas boas ideias. Mas, por enquanto, o foco é Arton.

13 - Quais os seus livros favoritos? Que tipo de tema/cenário permeia a maioria de suas leituras?

Eu não tenho um livro favorito. Tenho várias leituras favoritas, mas não um livro que se destaque entre todos os outros. Eu gosto de boas histórias independente do tema/cenário, mas fantasia medieval sempre tem a minha preferência.
 De fantasia medieval, gosto muito d’O Senhor dos Aneis [de J.R.R. Tolkien], e também da saga do Drizzt [personagem de Robert Salvatore do cenário de RPG Forgotten Realms]. Ainda de RPG, acho que As Crônicas de Dragonlance são obrigatórias [de Tracy Hickman e Margaret Weis].

Adoro a Trilogia da Tormenta [de Leonel Caldela], especialmente O Crânio e o Corvo. Também do Leonel, O Caçador de Apóstolos está entre os melhores livros de fantasia que eu já li.
 Dos nacionais, também recomendo os excelentes A Batalha do Apocalipse [de Eduardo Spohr], Dragões de Éter [de Raphael Draccon], Kimaera ¾ Guerreiros da Luz [e tantos outros títulos de Helena Gomes, como a saga As Cavernas de Cristais] e qualquer título de André Vianco [como Os Sete, O senhor da Chuva e O Vampiro].

A série A Song of Ice and Fire é ótima, e com certeza entra em qualquer lista dos meus favoritos [A Canção de Gelo e Fogo, de George R.R. Martin, que recentemente ganhou tradução para o português].
 Num meio-termo, gosto muito de fantasia histórica. Adoro os livros do Bernard Cornwell, com destaque especial para As Crônicas de Artur e As Crônicas Saxônicas. Também adoro Conn Iggulden e sua série O Imperador. Musashi, de Eiji Yoshikawa também é maravilhoso.

Além disso, adoro a série Duna [de Frank Herbert, considerada O Senhor dos Aneis da ficção científica], O Jogo do Exterminador [de Orson Scott Card], que considero próximo da perfeição (e também gosto de suas sequências), e a trilogia Herdeiros do Império, de Star Wars [escrita por Timothy Zahn]. Ainda em ficção científica, também gosto muito de Isaac Assimov e Arthur Clarke. Qualquer livro dos dois é maravilhoso — nunca li nada ruim.
 Também gosto muito de Anne Rice e suas Crônicas Vampirescas. Curto O Prisioneiro de Zenda [de Anthony Hope] e The Princess Bride [O Noivo da Princesa, de William Goldman].

E Harry Potter, é claro!

14 - Quais os seus filmes favoritos?

A lista é enorme: Star Wars, Transformers — O Filme (longa metragem de 1986), De Volta para o Futuro, Indiana Jones, Os Goonies, O Senhor dos Aneis, Star Trek, O Poderoso Chefão, Matrix, Aliens, Jovem Demais para Morrer, Tombstone, Conan, Os Imperdoáveis, Pulp Fiction, Superman I, O Exterminador do Futuro...

15 - Você costuma jogar mais ou mestrar mais?

Eu costumo mestrar mais. Desde que comecei a jogar RPG, sempre mestrei muito mais do que joguei,

16 - Qual a aventura mais legal que você já jogou?

Eu tenho duas campanhas que levo no coração.
 A primeira é a dos Leões de Aço, de fantasia medieval. Ela se passou em Forgotten Realms. Começou em AD&D, depois migramos para D&D 3.0 e chegou ao fim em D&D 3.5. A campanha dos Leões de Aço durou sete anos e teve começo, meio e fim, e foi mais do que envolvente. Foi uma vida, cheia de aventuras e histórias que lembramos e contamos até hoje.
 A segunda é uma campanha de Star Wars RPG. Ela começou cinco anos antes dos eventos do Episódio I, e terminou muitos anos depois. Começamos com o Star Wars RPG, depois passamos para a edição revisada do mesmo jogo. A campanha de Star Wars também teve começo, meio e fim, mas durou só dois anos, com jogos intensos e uma história bastante envolvente.

17 - Qual a aventura mais bizarra?

Sei que joguei algumas aventuras bem bizarras, mas não consigo lembrar de nenhuma... Acho que foram tão bizarras que minha mente decidiu esquecer...

18 - O que você diria para um rpgista que deseja trabalhar no futuro com RPG?

Trabalhe duro e não desista nunca. Não dê mais atenção às críticas do que elas realmente merecem. Trabalhe com o coração. Quando achar que já está bom, tente fazer melhor — na verdade, faça melhor. Não se deixe acomodar. Saiba quais são seus pontos fortes e fracos, e trabalhe para melhorar os dois. Teste a si mesmo, e aventure-se pelo que acha mais difícil, pelo menos como exercício. Concentre-se no trabalho agora e não se importe com a recompensa que vem depois (se é que vem alguma). Saiba separar os bons dos maus críticos — você cresce mais com uma bronca de seu professor de redação do que com elogios de sua mãe.

19 - Você tem um blog seu, que está parado há alguns meses, Você pretende retomar o blog?

Gustavo brauner
Pretendo retomar meu blog, o Desafio do Dragão (WWW.desafiododragao.blogspot.com), em algum momento ainda este ano. Na verdade, às vezes penso em uma ou outra coisa que gostaria de escrever nele, mas acabo deixando para depois e acabo não escrevendo pela falta de tempo.
Com a publicação de Mega City, vou escrever com mais frequência no meu blog.

 Muito obrigado por responder a entrevista Gustavo, foi uma honra e um prazer fazer essa entrevista.
Ps. Entrevista antiga feita pelo pessoal do Aventuras fantasticas em 2009

4 comentários:

  1. Aí, Fernando, valeu pela oportunidade! Muito obrigado pela entrevista.

    ResponderExcluir
  2. Hummm, os anões vão se mover! Legal!

    ResponderExcluir
  3. Muito bom!

    Fico feliz em saber que temos contato com os próprios "criadores" do cenário...

    ^^

    ResponderExcluir