O Saci ou Saci-pererê são seres faericos que vivem nas florestas. Nascidos em brotos de bambu eles vivem no meio dos bambuzais até os 7 anos quando saem pelo mundo por 77 anos para se divertir e viver. O saci pode ser descrito como um menino ou jovem com a musculatura forte e que possui apenas uma perna. Ele usa um cachimbo e uma toca vermelha. um saci jovem é apenas um ser de traquinagem um saci velho pode ser desde um guardião irritado a um monstro destruidor de fazendas.
Os sacis são espíritos aparentados dos elementais do ar, um saci depois de morto não pode ser revivido
Saci Filhote, Espírito 4 ND 1
Caótico e neutro, Minimo
Iniciativa + 13
Sentidos: Percepção +6, visão no escuro.
Classe de Armadura: 23
Pontos de Vida: 24.
Resistências: Fort +3, Ref +7, Von +4,
Deslocamento: 12m.
Ataques Corpo-a-Corpo:soco 1d2 +3cont,
redemoinhos de ar 1d6 de dano
Habilidades: For 10, Des 20, Con 12-, Int 14, Sab 12, Car 10.
Talentos:Foco em iniciativa, Faro
Pericias: Iniciativa +13, Enganação +6, percepção +6, furtividade +10 , Atletismo +7,
Poderes: Invisibilidade 3x dia, vôo.Gorro
Saci Adulto, Espírito 10 ND 8
Caótico e neutro, medio
Iniciativa + 6
Sentidos: Percepção +6, visão no escuro.
Classe de Armadura: 28 (38 invisivel)
Pontos de Vida: 47.
Resistências: Fort +8, Ref +12, Von +9,
Deslocamento: 12m.
Ataques Corpo-a-Corpo:soco 1d6 +7 cont,
redemoinhos de ar 1d10+7 de dano
Habilidades: For 14, Des 21, Con 12-, Int 14, Sab 12, Car 10.
Talentos:Foco em iniciativa, Faro, foco em enganação, presença aterradora (cd 15 vontade), Redução de dano 5, cura acelerada 3 pvs.
Pericias: Iniciativa +22, Enganação +15, furtividade +19, atletismo +16
Poderes: Invisibilidade a vontade, vôo.gorro
O saci pode jogar redemoinhos de ar que atingem causando dano a quem o atinge.
O gorro do saci tem ca do saci +10 o saci jovem tem CA 23 no Adulto CA 38), pegar o gorro de um saci impede que ele se desloque em redemoinhos caminhando a 1m por turno. Ele perde a capacidade de ficar invisivel e tambem perde a capacidade de enviar redemoinhos de ar. O saci para recuperar seu gorro pode lançar a magia desejo para recuperar o gorro. Um jovem pode lançar desejo menor, O adulto um desejo e um idoso desejo maior.
O saci pode jogar redemoinhos de ar que atingem causando dano a quem o atinge.
O gorro do saci tem ca do saci +10 o saci jovem tem CA 23 no Adulto CA 38), pegar o gorro de um saci impede que ele se desloque em redemoinhos caminhando a 1m por turno. Ele perde a capacidade de ficar invisivel e tambem perde a capacidade de enviar redemoinhos de ar. O saci para recuperar seu gorro pode lançar a magia desejo para recuperar o gorro. Um jovem pode lançar desejo menor, O adulto um desejo e um idoso desejo maior.
O Saci – Conto de Monteiro Lobato
Quando o sol raia, desdemoniza-se a natureza. Cessa o Sabá. Satã
afunda no Inferno, seguido da alcatéia inteira dos diabos menores.
A bruxa reveste a forma humana. O lobisomem perde a natureza dupla.
Os fantasmas diluem-se em névoa. Evaporam-se os duendes. Os gnomos
subterrâneos mergulham no escuro das tocas. A caipora deixa em paz o
viajante. As mulas sem cabeça reincabeçam-se e vão pastar mansamente. As
almas penadas trancam-se nas tumbas. Os sacis param de assobiar e,
cansados duma noite inteira de molecagens, escondem-se nos socavões das
grotas, no fundo dos poços, em qualquer couto onde não penetre a luz,
sua mortal inimiga. Filhos da sombra, ela os arrasta consigo mal o Sol
anuncia, pela boca da Aurora, o grande espetáculo em que a Luz e sua
filha a Côr esplendem numa fulgurante apoteose.
A treva, batida de todos os lados, refoge para os antros onde moram a
coruja e o morcego. E nessas nesgas de escuro apinha-se a fauna inteira
dos pesadelos, tal qual as rãs e os peixinhos aprisionados nas poças
sem esgoto, quando após as grandes enchentes as águas descem. E como nas
poças verdinhentas a atraíra permanece imóvel e a rã muda, assim toda a
legião dos diabos se apaga. Inutilmente tentaríamos surpreender unzinho
sequer.
O saci, por exemplo.
Abundante à noite como o morcego, nunca se deixou pilhar de dia.
Metido nas tocas de tatú, ou nos ocos das árvores velhas, ou alapado à
beira-rio em solapões de pedra limosa com retrança de samambaias à
entrada, o moleque de carapuça vermelha sabe como ninguém o segredo de
invizibilizar-se. Não colhesse ele, todos os anos, nas noites de São
João, a misteriosa flor da samambaia!…
Mal, porém, o sol afrouxa no horizonte e a morcegada faminta
principia a riscar de vôos estrouvinhados o ar cada vez mais escuro da
noitinha, a “saparia” pula dos esconderijos, assobia o silvo de guerra –
Saci-pererê! – e cai a fundo nas molecagens costumadas.
As primeiras vítimas são os cavalos. O saci corre aos pastos, laça
com um cipó o animal escolhido – e nunca errou laçada! – trança-lhe a
crina para armar com ela um estribo e dum salto monta-o à sua moda. O
cavalo toma-se de pânico, e deita a corcovear pelo campo afora enquanto o
perneta lhe finca os dentes numa veia do pescoço e chupa gostosamente o
sangue. Pela manhã o pobre animal aparece varado, murcho dos vazios,
cabeça pendida e suado como se o afrouxasse uma caminheira de dez léguas
beiçais.
O sertanejo premune-o contra esses malefícios pendurando-lhe ao pescoço um rosário de capim ou um bentinho. É água na fervura.
Farto, ou impossibilitado daquela equitação vanpírica, o saci procura o homem para atenazá-lo.
Se encontra na estrada algum viajante tresnoitado, ai dele!
Desfere-lhe de improviso um assobio ao a ouvido escarrancha-se-lhe à
garupa – e é uma tragédia inteira o resto da jornada. Não raro o mísero
perde os estribos e cai sem sentidos à beira do barranco.
Outras vezes diverte-se o saci a pregar-lhe peças menores: desafivela
um lóro, desmancha o freio, escorrega o pelego, derruba-lhe o chapéu e
faz mil outras picuinhas brejeiras.
O saci tem horror à água. Um depoente no inquérito demonológico do
“Estadinho” narra o seguinte caso típico. Havia um caboclo morador numa
ilha fluvial onde nunca entrara saci, porque as águas circunvolventes
defendiam a feliz mansão. Certa vez, porém, o caboclo foi ao
“continente” de canoa, como de hábito, e lá se demorou até à noite. De
volta notou que a canoa vinha pesadíssima e foi com enormes dificuldades
que conseguiu alcançar o abicadouro da margem oposta. Estava a ‘maginar
no estranho caso – um travessio que fora fácil de dia e virara osso de
noite – quando, ao firmar o varejão em terra firme, viu saltar da
embarcação um saci às gargalhadas. O malvado aproveitara o incidente do
travessio a deshoras para localizar-se na ilha, onde, desde então, nunca
mais houve sossego entre os animais nem paz entre os homens.
Nos casebres da roça há sempre uma pequena cruz pendurada às portas. É
o meio de livrar a vivenda do hospede não convidado. Mesmo assim ele
ronda a moradia, arma peças a quem se aventura a sair para o terreiro,
espalha a farinha dos monjolos, remexe o ninho das poedeiras, gora os
ovos, judia das aves.
Se a casa não é defendida, é lá dentro que ele opera. Estraga
objetos, esconde a massa do pão posta a crescer, esparrama a cinza dos
fogões apagados em cata de algum pinhão ou batata esquecidos. Se
encontra brasas, malabariza com elas e ri-se perdidamente quando
consegue passar uma pelo furo das mãos. Porque, além do mais, tem as
mãos furadas, o raio do moleque…
As porteiras, como as casas, são vacinadas contra o saci. Rara é a
que não traz uma cruz escavada no macarrão. Sem isto o saci
divertir-se-ia fazendo-a ringir toda a noite ou abrindo-a inopinadamente
diante do transeunte que a defronta, com grande escândalo e pavor
deste, pois adivinharia logo o autor da amabilidade e o repeliria com
esconjuros.
Os cães apavoram-se quando percebem um saci no terreiro, e uivam retransidos.
Refere um depoente o caso da Dona Evarista. Morava esta excelente
senhora numa casinha de barro, já velha e buraquenta, em lugar bastante
infestado. Certa noite ouviu a cachorrada prorromper em uivos
lamentosos. Assustada, pulou da cama, enfiou a saia e, tonta de sono,
foi à cozinha, cuja porta abria para o quintal. E lá estarreceu de
assombro: um saci arreganhado erguia-se de pé na soleira da porta,
dizendo-lhe com diabólica pacholice: Boa noite, dona Evarista! A veha
perdeu a fala e desabou na terra-batida, só voltando a si pela manhã.
Desde então nunca mais lhe saiu das ventas um certo cheirinho a enxofre…
Se fossem só essas aparições…
Mas o saci inventa mil coisas para azoinar a humanidade. Furta o
piruá da pipóca deixado na peneira, entorna vasilhas d’água, enreda a
linha dos novelos, desfaz os crochês, esconde os roletes de fumo.
Quando um objeto desaparece, dedal ou tesourinha, é inútil campeá-lo
pela casa inteira. Para reavê-lo basta dar três nós numa palha colhida
num rodamoinho e pô-la sob o pé da mesa. O saci, amarrado e imprensado,
visibilizará incontinente o objeto em questão para que o libertem do
suplício.
Rodamoinho… A ciência explica este fenômeno mecanicamente, pelo
choque de ventos contrários e não sei mais que. Lérias! É o saci que os
arma. Dá-lhe, em dias ventosos, a veneta de turbilhonar sobre si próprio
como um pião. Brincadeira pura. A deslocação do ar produzida pelo
giroscópio de uma perna só é que faz o remoinho, onde a poeira, as
folhas secas e as palhinhas dançam em torno dele um corrupio infrene. Há
mais coisa no céu e na terra do que sonha a tua ciência, Ganot!
Nessas ocasiões é fácil apanhá-lo. Um rosário de capim, bem manejado,
laça-o infalivelmente. Também há o processo da peneira: é lançá-la,
emborcada, sobre o núcleo central do rodamoinho. Exige-se, porém, que a
peneira tenha cruzeta…
A figuração do saci sofre muitas variantes. Cada qual o vê a seu
modo. Existem, todavia, traços comuns em relação aos quais as opiniões
são unânimes: uma perna só, olhos de fogo, carapuça vermelha, ar
brejeiro, andar pinoteante, cheiro a enxofre, aspecto de meninote. Uns
têm-no visto de camisola de baeta, outros de calção curto; a maioria o
vê nu.
Quanto ao caráter, há concordância em lhe atribuir um espírito mais
inclinado à brejeirice do que à malvadez. Vem daí o misto de medo e
simpatia que os meninos peraltas revelam pelo saci. É um deles – mais
forte, mais travesso, mais diabólico; mas é sempre um deles o moleque
endemoniado capaz de diabruras como as sonha a “saparia”.
A curiosidade despertada pelo inquérito do “Estadinho” denota como
está generalizada entre nós a crendice. Raro é o brasileiro que não traz
na memória a recordação da quadra saudosa em que “via sacis” e os tinha
sempre presentes na imaginação exaltada. Convidados agora para falar
sobre o duendezinho, todos impregnam seus depoimentos da nota pessoal
das coisas vividas na infância. Referem-se a ele como a um velho
conhecido que a vida, a idade e o discernimento fizeram perder de vista,
mas não esquecer…
E – dubitativos uns, cépticos outros, afirmativos muitos – a conclusão de todos é a mesma: o Saci existe!…
– Como o Putois, de Anatole France?
Que importa? Existe. Deus e o Diabo ensinaram-lhe essa maneira subjetiva de existir…
isso é um jogo ?
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