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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Guaranis de Namalkah

 Ilan cavalgou para o norte. 
O cavalariano da pequena vila de Prado Novo, ao norte de Namalkah, conduzia seu cavalo pelas pradarias. Usava a pilcha tradicional do povo de Namalkah, botas feitas de couro de gado, calças de algodão largas, conhecidas como bombachas. Uma camisa de algodão, com botões. No pescoço um lenço e na cabeça um chapéu de couro pampeiro.
Ilan vestia botas marrons, uma bombacha marrom clara com o tramejado vermelho e branco na lateral. Sua camisa era branca, seu lenço era  vermelho e o chapéu era de um couro marrom. Ilan era um jovem, com cerca de  20 anos, cabelos pretos, e olhos castanhos, a pele  era morena, pois carregava o sangue dos bárbaros que  viviam em Namalkah antes da imigração de Lannor Sul.
Ilan estava  rastreando um grupo de cavalos desgarrados, cujos rastros ficavam claros para quem era treinado em  rastrear. Ilan normalmente não rastreava sozinho, mas a manada precisava ser vigiada. E o velho Algren, estava com uma gripe forte, e com um pouco de febre. Então Ilan foi designado para essa missão,buscar os  quatro potros que fugiram  a cerca de  quatro noites.
O rastro ia bem, Nas duas primeiras noites ele quase alcançou os potros, graças a lua clara que  estava  mantendo os rastros facilmente visíveis, até para olhos destreinados. No terceiro dia o grupo de potros se uniu a um conjunto de rastros maiores, os potros haviam se unido a uma manada de cavalos selvagens. Ilan desceu de cima de seu garanhão. O cavalo era  alto,  seu focinho ficava acima  da cabeça de Ilan,que tinha 1.85 de altura. Um cavalo malhado em branco e marrom, de musculatura forte, que era escovado diariamente (apesar de nos últimos rês dias não houve tempo pra escovação). Ilan tinha o cavalo desde os doze anos. Ele possuía uma mancha vermelha que se assemelhava a uma estrela. Por isso Ilan  o chamava de Estrela Vermelha.
Estrela vermelha relinchou, um relincho forte e profundo. Ao longe outro garanhão respondeu ao relincho. Ilan que estava abaixado observando os rastros, se ergueu, e procurou para descobrir de onde vinha o relincho. O fato é que estava bem ao norte de Namalkah, e muitas partes do reino eram selvagens. Por aquelas planícies poderia se encontrar tribos de centauros e ainda  alguns  restantes das antigas tribos bárbaras que  outrora  dominavam toda Arton norte. Algumas tribos dos centauros eram abertamente hostis aos humanos. Mas centauros não relincham. Ilan olhou para o noroeste, desde novo sabia as direções usando a sombra relativa do sol para poder se guiar.
A oeste um garanhão de pelo vermelho os observava. Montado sobre ele, um nativo,  sua pele era de um tom amarelo avermelhado, seus cabelos negros cortados logo abaixo da testa, como se um  porte tivesse sido colocado sobre sua cabeça e o resto da cabelo fosse raspado. O garanhão tinha apenas um tecido cru separando ele de seu cavaleiro. O jovem  usava apenas um bloco de  couro amarrado que cobria as partes. O corpo era coberto por pinturas com padrões repetitivos feitos com alguma tinta natural. Os jovens se olharam por um tempo, e depois foram se aproximando.
- Ite wa na kae do? – perguntou o jovem, que estava em cima do cavalo e que carregava uma aljava  feita de bambu e um arco com a corda feita de algum tipo de fibra trançada.
- Desculpe eu não falo seu idioma. – Respondeu Ilan de forma lenta e calma. Apesar de possuir uma lança, Ilan não desejava um confronto.
- Nâo falar bem língua sua. – Respondeu o jovem – Eu Nawate do espírito vermelho.
- Eu sou Ilan, Ilam Curtem, Gaúcho do senhor Alforgar.
-Ilan em Terra Guarani. Ilan Invasor. Ilan Amigo ou ladrão?
- Estou atrás de quatro cavalos que fugiram e se uniram a uma manda de cavalos selvagens que vieram para cá.  Eles pertencem a meu senhor.
- filhos de hippion livres. não possuem donos.
Estrela vermelha relincha. O  jovem índio o olha. Ilan acaricia o  cavalo.
- Sim Estrela Vermalha. Precisamos recuperar os cavalos. – fala o jovem com sua montaria.
O cavalo do índio relincha. Tanto Gaucho e Indio respondem em uníssono.
- sim ficar aqui esta  entendiante.
Um instante de silencio. E então ambos  riem. Ambos os jovens são devotos de Hippion, o pai dos cavalos. E a seus devotos hippion concede o dom de compreender o que os cavalos dizem. E por causa de Hippion, se forma  uma amizade entre os cavaleiros, o cavaleiro guarani e o ginete de Namalkah.
Os dois jovens seguem ao noroeste. Enquanto a noite se aproxima. Conversam pouco pois sentem que a conversa pode afasta los dos rastros da manada.
- Seu povo sempre se veste assim?
- Normalmente não usamos essa pintura corporal. Eu estou usando hoje por que o Pajé Tiaraju previu que os  guarani iriam a guerra. E quando Hippion  manda mensagem os guarani seguem.
- Essa pintura é pintura de guerra?
- Sim, é  a mesma pintura que os pais dos pais usavam.
Ilan ficou pensando. Sobre a diferença d e sua cultura com a da curtura do guarani. A noite chegou. E eles montaram acampamento.  O indígena  pegou um bambu, colheu as folhas de um arbusto próximo e  colocou água pra ferver em um pedaço cortado de  bambu. Enquanto a água fervia, macerou e moeu a erva  na s mãos, preenchendo o espaço vazio de um porongo.  Depois pôs a água sobre a erva.  Encaixou o bambu oco e começou a  sugar  como se fosse um canudo. Encheu de água novamente e passou o porongo em direção a ilan. Desconfiado o jovem sorveu e  ai deu um sorriso.
- Mas que amargo bom. Esse  chimarrão esta pra lá de bom. Me caiu os butiá do bolso.
- Quando os primeiros homens claros do sul chegaram. Algumas tribos ficaram amigas deles. Fomos nós quem lhes apresentamos Hippion,e que  ensinamos a beber o mate. Mas nem todos os  povos eram amigos dos sulistas e nem todos os sulistas eram amigos. Então os guarani se moveram pro noroeste. E ficaram cuidando de suas vidas. Mas pajé Tiaraju diz que guerreiros do sul desejam conquistar terra de Hippion. Desejam matar tudo que não for humano. Para eles guarani não humanos, guarani bárbaros que devem morrer. 
Por isso Guarani prontos para a guerra. Por que guerra marcha pra Namalkah.
Um instante de silencio. O relinchar dos cavalos.
Ao sul centenas de quilômetros dos dois jovens uma cidade é incendiada. Os tambores da guerra tocam. Os  jovens observam atônitos as  labaredas que lambem o horizonte e iluminam o céu com amarelo e vermelho. Assustados eles seguem para o sul. Nenhuma palavra precisa ser dita.  O jovem guarani sabe que seu povo estará se dirigindo em direção as chamas. O jovem ginete sabe que os senhores estancieiros preparam suas cavalarias para enfrentar o inimigo. Os Centauros preparam suas tropas para enfrentar os  invasores.
 Namalkah esta em guerra, por que os puristas invadiram Namalkah.
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Sudoeste de namalkah, uma unidade de puristas em suas armaduras completas explora o terreno. Sua missão como a de tantas outras unidades é simples. É a de explorar o terreno, encontrar e matar quaisquer não humanos. Homens bem treinados, eles não temem a morte, odeiam tudo que não é humano.
Andam em formação  espaço entre eles de três metros em linha. Andando por um descampado seguem os rastros de um velho halfing. O velho ferido corre, mas por mais que se esforce não consegue despistar a unidade. O suor  escorre por seu rosto enquanto ele corre. Corre por sua vida. Em seus olhos lagrimas pela morte da esposa, filhos e netos... Ele foi o único que os puristas deixaram vivo de sua pequena vila. O deixaram vivo para caça-lo. Ele lembra do momento da morte de sua esposa. E então tropeça, e cai. Ao mesmo tempo em que cai, algo acontece em sua perna, uma dor suprema. O som de um osso estalando.
Chorando caído ele percebe que não tem mais como fugir. Sua perna quebrou próximo ao tornozelo, ele não mais consegue correr e nem mesmo andar. Os puristas se aproximam. Ele os vê com armas em punho com suas armaduras completas. O velho chora e se arrasta para trás em pânico. O líder dos puristas, se aproxima dele lentamente. Sorrindo ele enfia a lamina no peito do  idoso. Antes de morrer o velho escuta o som de centenas de flechas caindo e atingindo os puristas. Enquanto da seus últimos suspiros ele sente em seu coração que a morte de sua família foi vingada.
Os guaranis se aproximam dos puristas, enfiando suas lanças nos soldados moribundos. Cincoenta guerreiros guarani, liderados por Tiarajú, eliminaram  essa unidade purista.
Removem dos corpos todos os itens e os enterram para que sejam esquecidos.
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Este é o front de Namalkah. E nesse front nem mesmo os poucos povoados bárbaros estarão livres.

Um comentário:

  1. Gostei, mas é um pouco diferente dos outros, talvez pela diferença do lugar e das personagens mais sulistas guarani e o cavalariano.

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