Edwin levantou da cama. Era mais
uma manha cinzenta,mas isso não é incomum na fronteira com as Uivantes. Ergueu
se e começou a arrumar a cama. Tirou o
pijama e vestiu suas roupas de trabalho. Calças feitas de couro de rinoceronte
lanoso e um casaco do mesmo material.
Rinocerontes lanosos são uma espécie
nativa das Uivantes. Animais enormes
chegam a quase 4metros de altura.
Por outro lado, são territorialistas e as lutas por fêmeas geramelnte terminam
com a morte de um dos lutadores.
Arwell e Edwin vivem do comercio
da carne de rinocerontes lanosos e de outros
animais que vivem nas Uivantes. Mesmo vivendo em Deheon, explorações as Uivantes
não são incomuns. Arwel é um homem de
pele branca, olhos castanhos, barba grossa e bigode que tapa seus lábios. Cabelos e barbas
longas são essenciais nesse tipo de trabalho. As Uivantes
são um território frio indo de 15° graus Celsius em alguns vales profundos onde a grama cresce e
locais onde a temperatura chega a -30° Celsius.
Rostos desprotegidos podem facilmente rachar,
e extremidades podem congelar.
Edwin, arrumou a cama, esticou as cobertas. Olhou para
seu quarto. Uma boa cama com um colchão de penas de ganso, lençóis de algodão.
A cama era de mogno, uma madeira forte que
cresce ao sul. Edwin se lembrou de quando ele e seu pai viajaram para o
sul para comprar as toras. Tinha quinze
anos. O mercador queria que eles
pagassem um preço maior,mas o pai, que sempre fora um bom regateador
conseguiu baixar o preço. Carregaram as
tornas em carros de boi. O pai de Edwin tinha amizade com uma tribo de goblins
das Uivantes, e a escolta de ida e volta foi
feita por um grupo de guerreiros
goblins. Em troca de carne de algumas vacas. Não era incomum que caçadores de peles tivessem contatos amigáveis com tribos das Uivantes.
O escambo e a cooperação evitavam conflitos que poderiam resultar
desde a perda de produtos até mesmo a
morte dos caçadores.
-Saudades de você meu velho. –
Edwin suspirou lembrando da morte do pai. Ele passou a mão na cômoda de
madeira. Ele e o pai haviam cortado, lixado,
modelado e construído cada um dos moveis daquela casa. Assim como um dia
Edwin espera fazer por Leopold, seu filho, e por Wanda, sua filha.
-Lembrando de seu pai? – A voz de
Lucéliana ecoou no quarto. – Eu sei que você se sente meio perdido sem ele.
Luceliana se aproximou dele,
usava um vestido pesado, a região sudeste de
Deheon era fria, recebendo muitos
dos ventos gelados que deixavam as Uivantes. Era uma mulher alta, 1,90 m
de altura cabelos negros como a noite e olhos azuis como o
céu. Era 20 cm maior que Edwin, que
tinha cerca de 1.70 de altura. Luceliana
era uma ótima dona de casa, mas ainda era melhor curtidora, e uma habilidosa arremessadora de lanças. Mas apesar de grande e musculosa, era uma das
mulheres mais carinhosas que Edwin conhecera.
- Sim meu amor. Meu pai me faz
muita falta.
- Compreendo. Seu pai era um bom homem. Nunca vou esquecer
a surra que ele deu no meu pai,quando
descobriu que ele batia nos meus irmãos,
em mim e em minha mãe.
- Eu lembro disso. – disse e
suspirou - E se lembro bem fui eu
quem contei pra ele o que acontecia na sua casa. – Edwin soltou um sorriso
maroto para sua esposa.
Luceliana sorriu. E naquele
pequeno instante relembrou:
Dezesseis anos antes numa noite
sem lua, quando Luceliana tinha cerca de
10 anos, estava tomando mais uma das surras rotineiras que o pai lançava sobre os filhos e a esposa. Aquela
noite parecia mais uma, quando alguém arrebentou
a porta da frente. Edwarg, entrou pela porta
de uma forma violenta. O pai dela, Torgret foi surpreendido com
o cinto erguido, e com as costas da
esposa e filhos desnudas e vermelhas das cintadas que tomavam.
-Torgret, você já havia sido
advertido. Na nossa vila agredir
eespancar os filhos por prazer é proibido!
-Edward Essa é a minha casa e
eunão vou admitir que um cretino como você me diga o que fazer.
Edward correu e com um giro de
um soco no queixo de Torgret. O violento
pai de família ficou tonto e recuou. Apenas para ser atingido por um segundo
soco e cair inconsciente no chão. Edwarg
ergueu Torgret sobre o ombro, e foi a ultima vez que seus filhos e sua esposa o
viram. O que ouviram dizer é que Torgret foi espancado pelo próprio cinto por cada
homem casado da cidade, não apenas como
forma de punição mas para servir de exemplo. Para que nenhum outro homem da cidadezinha agisse como um agressor
de esposa ou espancador de crianças.
Edwin abraçou sua esposa. Em seus
braços era o único lugar em que se permitia demonstrar alguma fraqueza. Uma
pequena lagrima correu de seus olhos, ao se lembrar de seu pai. Luceliana também deixou uma lagria escorrer,
não por saudade de seu pai, mas pela gratidão a seu sogro.
Edwin sorriu para a esposa, pegou
a mochila de viagem, os sacos de dormir
e deu um beijo de despedida em sua esposa. O grupo de caça aguardava do lado de fora, e ele novamente
iria partir, para trazer as peles e carne que moviam a economia local. Entre os
caçadores, trinta homens experientes
da vila, estava Graundonir, o goblim. Um
jovem goblim que era um caçador de tribo e que era um amigo de Edwin.
(continua)
Ótimo, esperando a continuação!
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