Olá, pessoal! Trevisan aqui.
Eu tenho certeza que quem vê um texto assim, no meio da revista, assinado pelo editor, já pensa “OH, MEU DEUS! A REVISTA! VAI TUDO ACABAR”. E embora eu AME dar esse tipo de susto nas pessoas, não é o caso aqui. Longe disso.
Esse texto é sobre algumas coisas sérias, algumas coisas tristes, mas no fim, como dever ser, é sobre coisas boas também.
Vamos
começar resgatando o cerne do formato em que a Dragão Brasil é
publicada hoje: a DB é um projeto constituído de metas. A gente bate
patamares e fornece um conteúdo correspondente em troca, mas ao
contrário de um financiamento coletivo tradicional, essa meta precisa
ser batida mês a mês. E nossos colaboradores, como gostamos de lembrar
sempre, são todos pagos.
Desta forma, conteúdos conquistados em um mês podem ser perdidos no mês seguinte. E estou explicando o óbvio por dois motivos:
- batemos todas as metas com tanta frequência que é fácil imaginar a revista como um pacotão fixo, embora não seja;
- nossos conteúdos derivados de metas mais altas têm flutuado. Por muito tempo tivemos tokens, e nos últimos meses o Monster Chefe tem variado.
Entretanto,
não somos tão rígidos. Se vocês observarem, o MC foi mantido mesmo
quando a meta não chegou lá, em partes porque é um material tão legal
que a gente fica até com pena de segurar. Além disso, outra meta prevê
quadrinhos avulsos de seis páginas por mês, mas decidimos fazer melhor
que isso: nos últimos meses entregamos Khalifor, um mangá da casa, dividido em dez partes de dez páginas cada, que os leitores puderam ler meses antes da publicação física.
Sim,
em alguns momentos precisamos dar uma folga para o autor, porque
produzir assim é algo bem extenuante e era melhor isso do que
comprometer a qualidade, mas se somarmos as páginas a mais já entregues e
todos os Monster Chefe, ficou todo mundo bem coberto de conteúdo e com
sobras.
Tendo isso em mente, a gente resolveu dar uma leve
arrumada na casa: esse mês (julho de 2023), como vocês poderão notar,
não temos Monster Chefe. Isso serve para lembrar o quanto não
só a contribuição, mas a divulgação de vocês – junto com a que a gente
já faz em nossos canais – é importante. A voz de um leitor empolgado com
o que leu conta demais na hora de trazer novos leitores.
E a mensagem é exatamente essa: mais leitores, mais metas, mais conteúdo constante. Todo mundo ganha.
Tenho certeza que o Monster Chefe não vai ficar longe muito tempo.
UMA VOLTA MUITO ESPERADA
O que nos leva ao segundo tópico do dia.
Houve
um tempo em que eu não gostava de anime ou de mangá. Achava pobre, tudo
a mesma coisa. Histórias para crianças que adultos insistiam em
consumir.
Mais tarde, dois fatores fizeram com que eu mudasse essa opinião burra: Record of Lodoss War, o primeiro anime que eu amei de verdade e Marcelo Cassaro,
que contribuiu duas vezes. A primeira, ao ter paciência para me
explicar, em inúmeras ocasiões, o quanto eu estava errado. A segunda, ao
me dar o privilégio de acompanhar a produção original de Holy Avenger.
Mesmo assim, eu, roteirista forjado à base de Neil Gaiman, Alan Moore e Frank Miller, não tinha trazido isso para a minha produção. Nunca havia tido vontade de escrever mangá, até que assisti Full Metal Alchemist: Brotherhood. Quando acabei os 60 e poucos episódios, eu PRECISAVA da minha própria saga. Do meu próprio mangá.
E aí Lobo Borges entrou na minha vida.
A
história já virou lenda: ele me mandou um tweet oferecendo seu
portfólio, cliquei, cético, e dei de cara com um desenhista incrível,
pronto para publicar. Tão pronto que quando a gente foi elaborar o
protagonista de LEDD, não foi preciso: ele já tava ali,
discreto, no canto de uma ilustração de grupo de personagens que o Lobo
havia feito meses antes, e que hoje está enquadrada no meu escritório.
“É esse”, eu disse a ele. “Esse é o Ledd”.
A
partir daí foram anos de uma produção que teve seus obstáculos como
qualquer projeto longo na vida. Foram cinco volumes produzidos com
sangue e esforço, mas com uma alegria imensa. Quem lê nos extras dos
nossos volumes um pedacinho das nossas conversas consegue captar pelo
menos uma parte do que era criar junto com o Lobo.
Fora isso,
fora o trabalho, Lobo era um cara empático, alegre, apaixonado demais
pelo que fazia; o sonho dele era fazer mangá e ele conseguiu. E no fim, é
isso o que interessa.
Lobo se foi no começo de 2023, por conta de uma doença, e deixou um rombo no meu peito que dói todos os dias. Mas LEDD não pode e não vai acabar.
Não
só porque ele prometia que a gente NUNCA ia deixar o leitor na mão, que
a gente NUNCA ia deixar a história de Drikka, Ripp e Ledd inacabada.
Não só porque ele desenhou LEDD até o fim e não só porque sua esposa, Amanda,
nos transmitiu seu contentamento ao saber que prosseguiríamos. Mas
também porque ele sempre confiou em mim muito mais do que eu mesmo
confiei.
Por conta de tudo isso, LEDD vai voltar, agora nas páginas da Dragão Brasil.
A série vai ocupar o lugar de Khalifor no mínimo até completarmos o volume 06, que o Lobo já estava produzindo. O que faltava terminar será complementado pelo Ricardo Mango, autor de Khalifor, escolhido a dedo por mim e pelo Guilherme Dei Svaldi
não só pela competência demonstrada desde sempre, mas também pelo
carinho que tinha pelo próprio Lobo, e pela amizade que tenho com ele.
Peço que vocês o recebam de braços abertos.
Ainda precisamos de
um tempo para arrumar a casa e nos certificar de que tudo vai sair como
deve, mas também queremos celebrar essa volta. Por isso, neste mês
daremos um wallpaper extra de LEDD, já com a arte do Mango.
O prosseguimento de LEDD é a promessa de que Lobo Borges estará com a gente para sempre.
Fico feliz que vocês possam acompanhar tudo isso na Dragão Brasil.
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