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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Natan "Monstro" Cornell

Natan é um homem de aparência frágil e semblante triste. Sua pele é deformada e tem poucos e finos cabelos loiros. Colleniano, tem um olho verde e outro castanho parecido com os de uma águia. Veste-se com roupas comuns, utilizando um chapéu de abas largas para esconder o rosto. Trás enrolado em sua cintura, sob a camisa, um chicote. Nas costas tem consigo uma mochila, onde guarda seus pecados.

Marcado a fogo

Sendo o terceiro filho de uma simples família colleniana, Natan teve uma infância feliz, porém sem luxos. Sua rotina se resumia a ajudar nos trabalhos domésticos e a brincar pelas praias de Var Raan. Mas esta tranqüilidade foi quebrada com o Grande Incêndio que destruiu parte da cidade em 1379. Na ocasião Natan, com sete anos, ficou preso em sua casa em chamas e teve quase todo o corpo queimado. O acidente também matou seu pai e irmãos, deixando-o sozinho com sua mãe, Ann,  que teve muita dificuldade para sobreviver após esta tragédia.

Após uma longa recuperação, Natan sobreviveu às queimaduras, mas a pele de seu corpo foi muito prejudicada, ganhando horrorosas marcas e cicatrizes. Por causa de sua aparência era maltratado pelas outras crianças, que o chamavam por apelidos depreciativos, como "Monstro" e "Goblin". Assim Natan nunca teve motivos para ser uma pessoa sociável. Sua única amizade era mesmo com sua mãe, que ele amava muito.

Aos treze anos Natan viu sua mãe ficar presa em uma cama por causa de uma doença rara. Sem opções ele foi obrigado a trabalhar para sustentar a casa. Acabou se tornando aprendiz de curtidor. Passava o dia inteiro matando coelhos, arrancando e tratando couro. O dinheiro era pouco, mas o suficiente para ele e a mãe sobreviverem.

A dedicação com qual Natan cuidava de sua mãe era admirável. Ele era fascinado pela pele de Ann. Branca, lisa e macia, parecia um veludo, muito diferente da sua, rugosa, fina e de aspecto estranho. Natan sonhava em ter uma pele como aquela, não porque as pessoas tinham medo e nojo de sua aparência, mas sim por achar que Ann era perfeita. Sua obsessão era tão grande, que ele limpava a mãe enferma todos os dias com lenços perfumados.
Mal interno

Após dois anos de muita dor e sofrimento, Ann não desistiu de lutar contra a sua doença e faleceu. Natan ficou arrasado. Ela era seu único parente, sua única amiga. Ele passou horas chorando, abraçado ao corpo já frio de sua mãe. Foi então que ele ouviu a VOZ. Palavras suaves ecoaram em sua cabeça e lhe perguntaram: "Uma pele tão bonita como a de sua mãe pode ser entregue aos vermes? Você vai deixar que tal maravilha apodreça em uma cova?". Natan ficou assustado, mas concordava com o que lhe era dito. Para ele a simples idéia de nunca mais tocar aquela pele alva e macia era inconcebível.

- Mas o que eu posso fazer? – se perguntava Natan.

"Ela não é muito de um coelho, é?". O jovem não queria, sabia que aquilo era doentio, feio, mau. Mas a VOZ e o desejo de ter uma parte de sua mãe consigo, para sempre, eram mais fortes.
Natan foi até a oficina e fingiu trabalhar. Orientado pela VOZ, ele roubou todos os equipamentos necessários. Com as ferramentas apropriadas começou a cortar a carne das costas de Ann. Fez o mesmo com parte da barriga, dos braços e pernas. Depois separou a pele dos músculos. Natan estava ansioso, fazendo aquilo como se fosse uma real necessidade, como respirar.

Dizer que Natan foi frio para conseguir fazer tal coisa com sua própria mãe é mentira. Seu sangue fervia nas veias. Ele realmente estava adorando aquilo. E no fim, ter a singela pele de Ann em suas mãos foi o maior prazer de sua vida.

Mas quando a euforia passou, ele percebeu o que fez. O sangue, o cheiro e o corpo desfigurado de sua mãe sobre a mesa de jantar lhe fizeram vomitar.

- O que eu fiz? – disse chorando. – Como pude fazer algo tão terrível com minha mãezinha? COMO?!!! – Em uma explosão de sentimentos (uma mistura de ódio, vergonha e culpa) Natan incendiou a casa em que vivia e fugiu. Nunca mais foi visto na periferia de Var Raan. Ainda hoje seus antigos vizinhos acreditam que ele e sua mãe morreram vitimados pelo fogo.
Recomeço

Sem rumo o garoto chegou até o porto, onde foi encontrado por piratas. Porém, a sua aparência e suas habilidades fizeram com que Natan ganhasse a simpatia dos fora-da-lei, que logo o aceitaram como tripulante. No navio ele começou a ser chamado de Monstro novamente, mas convivendo com homens conhecidos como Olho Tonto, Cicatriz, Bafo de Limo, Carniçal e Roído, o apelido já não lhe parecia tão ruim. Nem sua aparência.

Por ser um colleniano Natan ganhou a função de sentinela. Mas suas habilidades domésticas, adquiridas durante o tempo em que cuidou de sua mãe, fizeram com que ele ganhasse outras funções dentro do navio, como limpar, costurar e ajudar na cozinha. Monstro estava feliz, pois
finalmente tinha amigos, além de um novo lar longe de olhares curiosos.

Mas em segredo Natan cuidava da pele de Ann. Tinha muito medo de que alguém a descobrisse. Apesar do carinho que tinha pela peça, Monstro receava entrar em contato com ela. Toda vez que fazia isto, o remorso e a vergonha voltavam a machucar seu peito. Sua culpa era tanta que ele confeccionou um chicote e com ele se auto-flagelava como punição.

Apesar de o navio ter ancorado em vários portos do Mar Negro, Natan pouco foi a terra. Sentia-se mal ao caminhar entre estranhos. Seu isolamento no mar fez com que ficasse ainda mais inseguro quanto à sua aparência. Por isso ele só conhecia novas cidades quando era arrastado pelos outros piratas. E foi em uma destas paradas que, após quase cinco anos adormecida, a VOZ surgiu novamente.

Monstro estava em uma taverna beira-mar quando viu um khubariano. O exótico marinheiro das ilhas do mar do leste trazia por todo o corpo lindas tatuagens. Desenhos delicados e elaborados, muito diferente dos rabiscos ostentados pela maioria dos piratas. "Aquela pele é muito bonita, não é? Poderia fazer companhia para sua mãe... Ela anda tão sozinha", dizia a VOZ. Monstro não queria, mas as palavras eram tão fortes...

Naquela noite o marinheiro entorpecido pela bebida foi encurralado em beco escuro do porto. E novamente dominado pela VOZ, Natan fez seu ritual. Desta vez, porém, não foi necessário arrancar toda a pele, pois apenas uma parte da tatuagem foi necessária para saciar os desejos da VOZ. Mesmo assim Natan matou. E sentiu prazer naquilo.

Monstro voltou correndo para o navio, trazendo consigo um naco de carne arrancado do braço de sua vítima. Na calma de seu quarto (um canto imundo no porão da embarcação) ele, delicadamente, preparou a pele do khubariano. Mais uma vez foi inundado por uma euforia avassaladora. Dançou, festejou e se embebedou com rum. Mas pela manhã, junto da ressaca veio a culpa e a necessidade de ser punido.

A partir daquele dia ele soube que seria escravo da VOZ para sempre. Soube que nunca mais teria paz em sua alma. E a cada dia que passava, mais forte era o domínio da VOZ sobre sua vontade.

Os anos foram passando e Monstro foi se transformando. Ele, que costumava ser recluso, começou a descer em quase todos os portos à procura de uma nova peça para sua coleção. Assim ele conseguiu uma marca de nascença do rosto de um pirata, a pele grossa de uma cicatriz no braço de uma garota, a tatuagem de uma rosa das costas de uma prostituta, a pele perfeita dos seios de uma virgem...
O medo ganha forma

- Quando isto vai acabar? – Monstro se perguntou. Seu rosto molhado de lágrimas, suor e saliva. E meio de mais uma sessão de açoitamento Natan duelava contra a VOZ, que se mostrava cada vez mais habilidosa em feri-lo.

"Natan, sua criatura horrorosa, sabe quando isto terá fim? Nunca, pois você é o pior ser que já tocou este mundo. Você é um ser maligno e doentio, as cicatrizes em seu corpo não são nada comparadas ao seu caráter, este sim deformado e feio. Se você faz o que eu mando é porque você gosta e esta sua encenação de auto-piedade não engana ninguém. Afinal você matou várias pessoas, violou o corpo de sua própria mãe. Isto nunca terá fim, pois nem os deuses desejaram ter você por perto e seu sofrimento será eterno. Pegue linha e agulha, agora você criará o seu uniforme, algo tão vil e profano quanto o seu ato de existir".

Durante semanas Natan foi obrigado a se empenhar na confecção de um casaco feito com as lembranças de suas vítimas. A VOZ comandava suas mãos, criando a vestimenta em um ritmo alucinado. Ele já não comia ou dormia direito e seu trabalho no navio era precário. Os piratas começaram a temer pela saúde física e mental de Monstro, mas antes de encontrar a morte ele terminou a peça. Os retalhos, costurados de maneira irregular e com linha grosseira, formaram algo terrível, de aparência repugnante. Um corpo para a VOZ.

Natan estava cada vez mais abalado e já não podia encarar seus amigos.
Começou a temer encontrar neles alguma marca ou cicatriz que chamasse a atenção da VOZ. Por isso decidiu deixar o navio e partir para o continente. Hoje ele vive como um artesão nômade, fazendo trabalhos em couro. Natan anda pelos reinos da costa sudoeste do Reinado.

Personalidade e motivação

Apesar de sentir prazer ao seguir as ordens da VOZ, Natan não é uma pessoa má. Ele conserva a ingenuidade dos collenianos e não é ambicioso. Seu sonho é ter uma cabana na praia, onde possa viver em paz.

Mas toda a vez que veste o casaco (uma espécie de sobretudo mal acabado) Monstro fica completamente sobre o controle da VOZ, se tornando um ser cruel e impiedoso. Natan gostaria de pedir ajuda, contar para alguém sobre seu tormento, para quem sabe se livrar do controle, mas é sempre impedido pela VOZ. Talvez se o casaco e as peles forem totalmente destruídos ele possa ficar livre e encontrar a paz que tanto deseja.

Para mestres

Monstro deve ser encarado como um vilão psicológico. Ele é não é poderoso em combate corpo a corpo e provavelmente será facilmente derrotado (ou não, se o grupo for de nível baixo). Ele será melhor aproveitado em aventuras/campanhas investigativas.

Os personagens podem ser contratados para investigar um crime cometido por Natan. Ou então (para ficar mais dramático) Monstro pode matar algum conhecido dos personagens.

Natan "Monstro" Cornell 
D&D 3.5

Natan Cornell: Humano, Especialista 3/Combatente 3/Açoiteador 1; ND: 6; CN (quando ouve as vozes CM); Dvs: 3d8 + 6 + 3d6 + 6 + 1d10 + 2; Pvs: 48; Iniciativa: +7; Deslocamento: 9; CA: 16 (+ 3 Des. e +3 Arm.), Toque: 13, Surpresa: 13; Ataque base: +6, Agr: +7, Corpo-a-corpo: +7, à Distância: +9; Chicote: +10 (dano: 1d3 +1, dec: 20/x2); Ataque total: Chicote: +10/+5 (dano: 1d3 +1, dec: 20/x2); Ataques especiais: Açoite Furtivo (+1d6), Estalar e Ferir; Qualidades especiais: Combater próximo; TR: Fort: +5, Ref: +8, Vont: +8; Habilidades: For: 13 (+1), Des: 16 (+3), Cons: 14 (+2), Int: 15 (+2), Sab: 13 (+1), Car: 12 (+1);

Perícias: Arte da fuga: +8, Blefar: +8, Disfarces: +10, Equilíbrio: +10, Esconder-se: +12, Observar: +8, Ofícios (Armadureiro): +8, Ofícios (Curtume): +15, Ofícios (Navegação): +7, Profissão (Curtumista): +12, Saltar: +8 e Usar cordas: +14;

Talentos: Acuidade com armas, Foco em arma (Chicote), Foco em perícia  (Ofícios [Curtume] / Regional: Collen), Saque rápido e Usar arma exótica (Chicote).

Equipamentos: Armadura de couro Batido, Chicote (obra-prima) e Manto com capuz. (fora outros itens menores).

 Tormenta RPG
Natan Cornell: Humano, Plebeu 9 /Açoiteador 1; ND: 6; CN (quando ouve as vozes CM); Pvs:45; Iniciativa: +; Deslocamento: 9; CA: 21 (+ 3 Des, +3 Arm, +5Nivel), Ataque base: +6, Agr: +7, Corpo-a-corpo: +7, à Distância: +9; Chicote: +10 (dano: 1d3 +1, dec: 20/x2); Ataques especiais: Açoite Furtivo (+1d6), Estalar e Ferir; Qualidades especiais: Combater próximo; TR: Fort: +5, Ref: +8, Vont: +8; Habilidades: For: 13 (+1), Des: 16 (+3), Cons: 14 (+2), Int: 15 (+2), Sab: 13 (+1), Car: 12 (+1);

Perícias:  Ladinagem +8,  Percepção +6 , Ofícios (Armadureiro): +7,  Atletismo: +6
Pericias Treinadas: Enganação:+14 ,Ofícios (Curtume): +19, Ofícios (Navegação): +14

Talentos de plebeu: Usar armas simples, Usar armaduras, Usar escudos, Açoite Furtivo, Estalar
Talentos nivel: Acuidade com armas, Foco em arma (Chicote), Foco em perícia (Ofícios [Curtume] / Regional: Collen), Saque rápido e Usar arma exótica (Chicote), .

Equipamentos : Armadura de couro Batido, Chicote (obra-prima) e Manto com capuz. (fora outros itens menores), Criar obra prima.


Autoria: Ananias, o anão (idéia e texto)
Ryuu_Shotokan (estatísticas), Fernando Brauner (Tormenta RPG)

2 comentários:

  1. Excelente história. Poderia revelar mais sobre a VOZ (diga-se de passagem, Voz soaria melhor do que VOZ, não vejo motivo para tudo maiúsculo)

    Natan poderia ser um antagonista bom para uma aventura bem macabra. Se for mesclar com a Tormenta em si, melhor ainda.

    Mas, a VOZ encarnada seria uma boa Final Boss!

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  2. quem sabe a voz, na é um aspecto de Leen?

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