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segunda-feira, 10 de abril de 2023

Neverwinter ou nevenunca

por Daniel Bartolomei Vieira
Arte Destacada, “Neverwinter”, por Jedd Chevrier, “Neverwinter Coat of Arms”, por Mike Schley


Ah! Nevenunca é uma amigável cidade de mestres artesãos, que fazem seu comércio exclusivamente através dos grandes mercadores de Águas Profundas; seus relógios d’água e suas lâmpadas multi-coloridas podem ser encontradas em qualquer lugar dos Reinos. Nevenunca recebeu este nome por causa de seus habilidosos jardineiros, que não mediam esforços para manter seus jardins floridos mesmo durante os meses de neve – uma prática que eles continuam a realizar com muito orgulho e esmero.

— Elminster Aumar

Arte do brasão de Mike Schley

Nevenunca, também conhecida como a Cidade das Mãos Hábeis e a Joia do Norte, é uma cidade-estado multi-racial que fica no noroeste da Costa da Espada, em Faerûn. Nevenunca é considerada por Volo como a cidade mais cosmopolita e civilizada de toda Faerûn. Ela também é um membro ativo da Aliança dos Lordes.

A Origem do Nome

Nevenunca. É um nome polêmico, fruto de inúmeras discussões, desde mesas redondas de sábios até bate-bocas nas tavernas mais chinfrins. Não é uma unanimidade e o argumento de um é contestado pelo contra argumento de outro. Ninguém chega a um consenso e ninguém se dá por satisfeito. Pelo bem de todos, tentaremos explicar.

O primeiro nome da cidade era “Eigersstor”, que originalmente era uma palavra iluskana. O nome “Nevenunca” é, acima de tudo, uma tradução chondathana para essa palavra.

Existem várias pretensas lendas que explicam de onde veio o nome da cidade, mas uma contradiz a outra. Alguns acreditam que a cidade foi fundada por um elfo solar chamado Halueth Never (diz-se RA-lu-ef NE-vEr), que liderou os elfos de Iliyanbruen contra uma invasão iluskana no ano de -10 CV. Cercado por seus inimigos, ele escolheu o local onde o rio se encontrava com o mar e ali fez sua última batalha. O local ficou conhecido como o lugar onde ele pereceu e “Never nunca mais foi visto”, levando a crer que ele havia morrido ali. Entretanto, a verdadeira história não é bem essa. Na ocasião, aliados humanos chegaram em seu auxílio exatamente no momento em que ele resistia e, juntos, eles derrotaram os iluskanos. Never fundou a cidade naquele local, de fato, mas a verdade é que ali era o local onde “Never nunca mais foi visto em batalha”, pois nunca mais precisou lutar. Para o povoado, ele adotou o nome Never Nunca, já que todos se referiam ao local assim, mas ao longo dos anos o nome acabou sendo encurtado e juntado para Nevenunca.

Outros, como Volo e Elminster, consideram que o nome veio de seus jardins. E esta também é a fonte da alcunha da cidade, “a Cidade das Mãos Hábeis”, pois os jardineiros de Nevenunca são aclamados por todos os Reinos por sua habilidade de manter os jardins floridos mesmo durante os meses de duro inverno.

Os habitante locais, contudo, acreditam que o nome vem de seu clima incomumente cálido para a região, pois suas docas raramente congelam, exceto nos invernos mais frios. Acredita-se que isso acontece por causa do Rio Nevenunca, que flui através de toda a cidade, já que suas águas são aquecidas pelos elementais do fogo que vivem abaixo do Monte Ignágora, nas Matas de Nevenunca. O calor fornecido pelo rio cria um clima permanentemente quente nas regiões mais próximas de seu curso, livrando a cidade de maior parte da neve. Portanto, nunca há neve, ou, a neve nunca .

Nevenunca; arte por Chris Dien

História da Cidade

O primeiro povoado da Fronteira Selvagem era uma cidade élfica chamada Illefarn, que acabou tornando-se uma nação agitada após os eventos das Guerras da Coroa. Com o tempo, Illefarn acabou dividindo-se em três nações, da qual Iliyanbruem era a que mais se destacava. Ela acabou enfraquecida por inúmeras incursões de orcs, o que acabou levando à fundação de Eigersstor, o primeiro povoado multi-racial na região, posteriormente tornando-se Nevenunca.

Nevenunca acabou se tornando um centro de civilização, paz e cultura, e era amplamente vista como uma maravilha por seus visitantes. Essa tendência durou, aparentemente desde sua fundação até os idos de 1.372 CV, quando uma praga conhecida como Morte Lamuriosa se abateu sobre a maioria de seus habitantes. Mal havia se recuperado da devastação causada pela doença e em 1.385 CV a Praga Mágica chegou.

O século que se seguiu testemunhou a ascensão de Netheril ao poder. Legalistas netherienses se infiltraram na estrutura de poder de uma Nevenunca enfraquecida, mas suas tentativas foram abafadas pela erupção do Monte Ignágora em 1.451 CV, uma erupção tão poderosa que lançou devastação e matou até mesmo a família real.

Em 1.467 CV, o Lorde Dagult Brasanunca, enxergando um possibilidade de somar ao seu império financeiro, contratou trabalhadores para ajudar a reconstruir a cidade e mercenários de Mintarn para protegê-la de monstros e bandidos. Clamando para si a descendência dos primeiros governantes de Nevenunca e o título de “Lorde Protetor” da cidade, ele iniciou o movimento Nova Nevenunca. O Lorde Brasanunca investiu uma boa quantidade de sua fortuna pessoal para reconstruir a infraestrutura da cidade, comprando o interesse de comerciantes de modo a trazer as caravanas uma vez mais até Nevenunca, e até mesmo garantindo que os refugiados tivessem comida o suficiente na barriga e ouro nas mãos. Em 1.491 CV, as tentativas de Brasanunca de reconstruir a cidade se provaram um sucesso, e Nevenunca lentamente começou a se tornar uma referência como centro de civilização no norte da Costa da Espada.

Nevenunca e o Monte Ignágora ao fundo; imagem do jogo Neverwinter Online

Governo

A partir do ano de 1.370 CV, a cidade passou a ser governada de forma imparcial e justa pelo Lorde Nasher Alagondar, um veterano de aventura, já de idade, um devoto adorador de Tyr. Como tal, os nevenunquenses seguiam a fé de Tyr, promovendo a justeza e a igualdade, e a ganância era veementemente refutada. Lorde Nasher tomou garantias para que a cidade fosse bem defendida antes de sua morte, tanto fisicamente quanto magicamente, contra ataques ou invasões oriundas de Luskan, a principal rival bélica de Nevenunca. Nesta época, não era permitido que se fizesse qualquer mapas da cidade como um meio de frustrar os espiões de Luskan.

Embora Lorde Nasher fosse o líder nominal de Nevenunca, o verdadeiro poder da cidade era detido pelo Manto Multi-Estrelado, uma ordem de magos de alinhamento bom que davam todo o suporte ao governo de Lorde Nasher.

O próprio Lorde Nasher rejeitou o posto de Rei de Nevenunca durante boa parte de seu governo, aceitando o título somente quando já estava em idade avançada, através de aclamação pública. Após sua morte, ele foi sucedido por seu filho, Bann Alagondar, que fundou a família real Alagondar. A linhagem real Alagondar, composta de reis e rainhas, governou e protegeu Nevenunca de maneira justa e próspera, até mesmo durante o período sombrio que veio pós Praga Mágica, até que a destruição da cidade após a erupção do Monte Ignágora, quando todos os membros da família real morreram no desastre.

O Movimento Nova Nevenunca

Povo de Nevenunca! Estou aqui não como um conquistador, mas como um protetor. Os soldados que trouxe comigo vieram para reforçar as defesas que vossas senhorias lutaram para manter esse tempo todo, e para impedir que a bandidagem ameace tudo aquilo que conquistados pro vós. Juntos, faremos muito mais que reconstruir. Juntos, faremo uma Nova Nevenunca!

— Dagult Brasanunca, trecho do discurso de autoproclamação como Lorde Protetor de Nevenunca

Como parte de sua tentativa para criar um império mercantil em Nevenunca, Dagult Brasanunca criou em 1.467 CV o título de “Lorde Protetor de Nevenunca”, título este ocupado pelo próprio Brasanunca. Todavia, muito se questionou se Dagult era ou não o governante por direito, pois na ocasião muitas facções disputavam pelo poder de Nevenunca e os cidadãos estavam divididos em suas lealdades. Como ele ainda tinha que cumprir suas obrigações como Lorde Declarado de Águas Profundas, Lorde Brasanunca deixava a administração diária da cidade à cargo da General Sabine e do Burgomestre Soman Galt.

Em 1.489 CV, Lorde Brasanunca foi exilado de Águas Profundas e substituído como Lorde Declarado por Alustriel Mão Argêntea. Após ser deposto de sua posição e colocado para fora da cidade, Brasanunca começou a concentrar todos os seus esforços em seu papel de Lorde Protetor de Nevenunca. Por causa de seu comprometimento e seu passado de realizações na ajuda de Nevenunca e seus cidadãos, os nevenunquenses acabaram aceitando o Lorde Brasanunca como seu líder legítimo. Contudo, amargurado por ter sido exilado de Águas Profundas, Brasanunca acabou se tornando mais déspota do que se imaginava e passou a exigir e cumprir leis com mãos de ferro. Ele passou a impor pesadas taxas de impostos das famílias nobres que viviam em Nevenunca, evitando com isso que eles ganhassem demasiado poder, ao mesmo tempo em que editava duras leis que proibiam a formação de novas guildas e limitava o poder das já existentes.

Mapa de Nevenunca em 1.479 CV; cartografia por Mike Schley

Defesas da Cidade

Lá pelos idos de 1.372 CV, Nevenunca tinha um exército fixo, os Mantocinzentos, compostos de quatrocentos arqueiros e lanceiros, que serviam tanto como guarda quanto como patrulha da Estrada Alta, desde Porto Llast até Leilon. Se os muros da cidade viessem a ser ameaçados por invasores orcs ou luskanos, as defesas disparavam projéteis explosivos a partir de catapultas direto sobre os atacantes. Estes projéteis, bem como as catapultas especialmente criadas para esse propósito, foram concebidos pelas mais “habilidosas mãos” que dão apelido à cidade. Nas situações mais críticas, Lorde Nasher ainda podia solicitar a ajuda da ordem de magos chamada Manto Multi-Estrelado.

Já a partir de 1.479 CV, o exército da cidade, conhecido agora como Guarda de Nevenunca, passou a ser composto principalmente de mercenários de Mintarn contratados pelo Lorde Brasanunca, e por algumas milícias independentes compostas de cidadãos, que também defendiam a cidade em tempos de maior necessidade. Lorde Brasanunca também contratava grupos de aventureiros para lidar com ameaças das quais a cidade e os mercenários de Mintarn não davam conta.

Com a cidade totalmente reconstruída lá pelo final de 1.480 CV, muitos dos Filhos de Alagondar se voluntariaram para servir na Guarda de Nevenunca, fazendo com que Lorde Brasanunca dependesse cada vez menos dos serviços dos mercenários de Mintarn. Ainda assim o Lorde Brasanunca continuou a contratar aventureiros e mercenários para ajudar a proteger Nevenunca e manteve o treinamento de tropas locais em vez de aceitar a ajuda dos exércitos dos Lordes Secretos de Águas Progundas, que ele considerava que haviam lhe traído.

A Sociedade Nevenunquense

Voltando lá para 1.370 CV, Nevenunca era uma cidade cosmopolita e multi-cultural, e até mesmo os mercadores sulistas de Amn e Calimshan, que tinham várias críticas às cidades do Norte, consideravam Nevenunca um local satisfatoriamente civilizado para o gosto deles. Os nevenunquenses evitam os conflitos e controvérsias o máximo que podiam, e eram considerados um povo quieto, de boas maneiras, letrado, eficiente e trabalhador, que mantinham extremos respeito pelos horários, prazos, bem como pelo patromônio, bem-estar e felicidades de outrem. Acima de tudo, da tolerância sobre as diferenças raciais, opções sexuais e outras variedades e extravagâncias, havia respeito pela paz, pela lei e pela ordem.

Após a fundação da família real Alagondar nos últimos anos do século 14 CV, os nevenunquenses tornaram-se um povo deveras patriótico, orgulhosos de seus líderes e de sua cidade.

Contudo, após a destruição da cidade pela erupção do Monte Ignágora no ano de 1.451 CV, os nevenunquenses passaram a ostentar uma nova faceta: a da teimosia e da determinação. Muitos sobreviventes permaneceram na cidade, e eles sempre demonstraram a intenção de reconstruir Nevenunca ao seu antigo estado de glória e i ímpeto para a defenderem dos muitos perigos que surgiram, desde ameaças mortais quanto extraplanares.

Nevenunca; arte de Jiang Fan

A Religião em Nevenunca

No século 14 CV, as principais fés em Nevenunca eram aquelas dedicadas a Helm, Oghma e Tyr. Os templos conhecidos como Salão da Justiça e Casa do conhecimento atendiam os fiéis de Tyr e Oghma, respectivamente, dentro dos limites da cidade, enquanto os fiéis de Helm congregavam nas proximidades, em um lugar conhecido como Fortaleza de Helm.

Com as mortes de Helm e Tyr nos anos antes da Praga Mágica, suas fés acabaram sendo substituídas pela de Torm e Bahamut, uma divindade subordinada a ele, bem como a fé de Selûne, pois seus seguidores almejavam trazer esperança para p povo de Nevenunca. Em 1.479 CV, a fé de Asmodeus, o deus da indulgência, se tornou bastante popular, e os Ashadmai passaram a ter uma enorme influência na política da cidade. A fé de Kelemvor também aumentou sua presença na cidade, mesmo antes de 1.479 CV, pois seus membros estavam empenhados em livrar o cemitério de Mortenunca da presença dos mortos-vivos e de outras forças do mal.

Os nevenunquenses jamais pararam de reverenciar Tyr mesmo após sua morte, e quando o deus retornou à vida após a Segunda Separação, sua fé rapidamente passou a ser aceita novamente em Nevenunca, e tornou-se tão popular quanto havia sido um dia.

Nos últimos anos do século 15 CV, ao mesmo tempo em que Nevenunca voltava a se tornar uma cidade cosmopolita, templos de diversas divindades passaram a ser bastante comuns e todos os bairros da cidade.

Atividade Comercial

Nevenunca Importa: Artesãos, mercenários

Nevenunca Exporta: Artesanatos (principalmente clepsidras e lâmpadas exóticas), pesca, horticultura, lenha, inovações mágicas

Moeda: peças de cobre são chamadas de tharns; peças de prata são chamadas de bults; peças de eléktro são chamadas de mar-shi; peças de ouro são chamadas de dragões; peças de platina são chamadas de bonsventos

Por volta de 1.370 CV, Nevenunca era responsável por controlar a maior parte do comércio mineiro feito com postos avançados dos anões e gnomos nas proximidades da Umbreterna. Para tanto, eram usadas diversas passagens secretas espalhadas por vários armazéns e depósitos na cidade. Nessa época também havia um forte comércio relacionado à pesca, bem como um intenso comércio de lenha vinda das Matas de Nevenunca, principalmente através da aldeia de Trovoárvore. A maior parte dos negócios eram fechados com a cidade vizinha de Águas Profundas.

Contudo, os principais recursos de Nevenunca eram advindos de sua importância como centro artesanal, de aprendizado e de inovação mágica. Comerciantes e artesãos normalmente exerciam sua profissão em edifícios dedicados a tais tarefas. Vendedores de rua eram raros em Nevenunca.

Infelizmente, com a destruição da cidade em 1.451 CV devido à erupção do Monte Ignágora, o comércio cessou totalmente na região.

Após 1.461 CV, como parte dos esforços de reconstrução, Lorde Brasanunca concentrou a maior parte dos seus recursos para restaurar o comércio, bem como para contratar artesãos que auxiliassem nos reparos da infraestrutura da cidade. Comerciantes do “novo” continente de Laerakond começaram a fazer comércio com as cidades faerunianas da Costa da Espada anos antes de 1.479 CV. Em Nevenunca, um grupo de comerciantes de Tarmalune, um dos principais portos de Laerakond, tentou uma aproximação do Lorde Brasanunca na esperança de estabelecer rotas comerciais permanentes entre os dois continentes.

Por volta de 1.491 CV, Nevenunca é uma cidade repleta de oportunidades. Conforme se espalhavam as notícias que Nevenunca estava sendo restaurada, comerciantes tanto do Norte quanto das terras ao sul passaram a se interessar uma vez mais a fazer negócios com a cidade. Concomitantemente, Lorde Brasanunca começou a trabalhar para forjar uma aliança comercial com a restaurada Gauntlgrym, na esperança de aumentar a prosperidade de ambas as cidades, ao mesmo tempo em que garantia sua vantagem sobre os nobres e mercadores de Águas Profundas e Portal de Baldur.

Sem a presença de guildas para restringir o comércio e a construção civil, aqueles que desejam iniciar um negócio em Nevenunca podem simplesmente fazê-lo, e os comerciantes que ofertam produtos básicos, como alimentos, ficam ricos somente de vender seus bens para a cidade. Da mesma forma, há demanda para muitos serviços, e aqueles que querem oferecer sua mão-de-obra, seja como trabalhadores ou aprendizes, têm uma variedade de opções de carreira a seguir, independentemente da competição.

Mercado de Nevenunca; arte por Chris Dien

 

A terra treme sob o peso de titãs invisíveis, lutando pelo seu controle. Ainda assim, seu campo de batalha é tão fino quanto uma folha de pergaminho. Poderes muito maiores dormem abaixo da superfície, e quando despertarem, a terra será refeita, e seu povo não temerá mais nada.

— Um presságio da súcubo Rohini, a Profeta

Estruturação da Cidade

Castelo Never, no Enclave do Protetor; arte de Chris Dien

Antes da erupção do Monte Ignágora, Nevenunca era uma cidade pitoresca e agitada, com vistas e edifícios que seriam notáveis em outras cidades, mas que aqui exibiam características bem comuns para a Joia do Norte.

Nevenunca normalmente era descrita como sendo “aproximadamente do formato de um um olho”, com as águas do Rio Nevenunca cruzando um eixo de leste a oeste. Em uma das extremidades da cidade ficavam os portos e do outro lado as Terras Altas, e mais além começava as Matas de Nevenunca. Quatro portões estavam espalhados ao longo de suas muralhas, dois nos cantos noroeste e nordeste, e dois nos cantos sudoeste e sudeste.

Entre suas paisagens mais marcantes estavam as três pontes, espetacular e intrincadamente entalhadas em pedra: o Delfim, a Serpe Alada e o Dragão Adormecido, considerados os maiores símbolos da cidade por seus habitantes. Entre as pontes, as águas do Rio Nevenunca cascateavam sobre pequena scorredeiras conforme se diriam para o movimentado porto da cidade. As lâmpadas multicoloridas que iluminavam suas ruas, as precisas clepsidras – os relógios d’água – e suas extraordinárias joias, além de seus magníficos jardins (a alcunha “A Cidade das Mãos Hábeis” se refere justamente aos dedicados jardineiros de Nevenunca) garantiam que os amenos invernos fossem coloridos e os verões fossem ricos e repletos de frutas da estação.

A cidade respirava beleza e exibia a engenhosidade dos projetos de seus prédios, muitos dos quais eram famosos por si só, como a Casa do Conhecimento, o templo de Oghma, o mais alto e cheio de janelas edifício religioso de Nevenunca; o Salão da Justiça, o templo de Tyr e o gabinete público dos governantes da cidade; e o Castelo Never, o palácio dos governantes de Nevenunca. Além desses, as reputações de suas exclusivas tavernas como a Máscara de Pedralua, a Pousada da Serpente Brilhante e a Torre Caída, chegavam bem longe dos muros da cidade e além, acrescentando mais destaque à cidade.

Depois da devastação causada pelo vulcão, a cidade foi quase que totalmente destruída. Das três pontes, apenas a Serpe Alada permaneceu utilizável. A maior parte do quadrante sudeste da cidade desabou para dentro de um fosso aberto, de tamanho gigantesco, que ficou conhecido como Precipício, e que continuamente vomitava pavorosas criaturas afetadas pela Praga Mágica. A maioria dos velhos edifícios e casas que o cercavam tornou-se guarnições bélicas para manter os monstros afastados

Embora Nevenunca tenha permanecido em ruínas por quase duas décadas, foi graças aos esforços do Lorde Brasanunca que a cidade começou a ser reparada à sua antiga glória nos últimos anos da década de 1.480 CV, Estalagens como a Taverna Tronco Flutuante e a Leviatã Encalhado tornaram-se bastante populares por toda a Costa da Espada.

O Precipício foi magicamente selado ao longo do ano 1.484 CV, embora a muito custo aos cofres da cidade, de modo que alguns trechos de sua muralha externa ainda estão em ruínas e vários bairros possuem vizinhanças inteiramente abandonadas e tomadas por monstros e bandidos ainda no início de 1.491 CV.

Locais


Até 1.372 CV, Nevenunca era dividida nos seguintes bairros:

  • O Centro da Cidade era a porção central de Nevenunca, onde ficavam os gabinetes governamentais e os principai templos;
  • O Distrito da Península, que compreendia o quadrante sudoeste da cidade;
  • O Distrito das Docas, o porto principal;
  • O Distrito Lagonegro, localizado no quadrante noroeste;
  • O Ninho do Mendigo, localizado no quadrante sudeste;
  • O Quarteirão Arcanista, também localizado no quadrante sudeste.

Após a guerra com Luskan, algumas partes da cidade foram reconstruídas, e o arranjo da cidade mudou um pouco:

  • O Quarteirão Comercial, localizado no meio da cidade e construído sobre o que restou do Centro da Cidade e do Distrito da Península;
  • Os Distritos Lagonegro e das Docas sobreviveram à guerra com Luskan quase intactos.

Com a erupção do Monte Ignágora em 1.451 CV, a cidade foi praticamente destruída. Quando Dagult Brasanunca iniciou seu projeto de reconstrução para a cidade, a disposição dos bairros mudou drasticamente.

Nevenunca em 1.491 CV; cartografia de Jared Blando

O Enclave do Protetor

Localizado onde ficava o Centro da Cidade, o Distrito da Península e o Quarteirão Comercial. Este bairro foi nomeado em homenagem a Dagult Brasanunca, o Lorde Protetor de Nevenunca.

A maioria dos edifícios originais dos antigos bairros permaneceram praticamente intocados após a destruição da cidade. Por causa disso, o Enclave do Protetor é a única parte de Nevenunca que ainda mantém a arquitetura de seus antigos dias.

Como era antigamente, aqui fica o mercado da cidade, o local onde ocorre a maior parte do comércio de Nevenunca. Mercadores de Águas Profundas e de outras cidades da Costa da Espada são obrigados a pagar altas taxas para que possa comercializar seus bens aqui.

Além do próprio Lorde Brasanunca e seus subalternos, o Enclave do Protetor é habitado pelos sobreviventes do cataclismo, bem como por imigrantes que passaram a viver na cidade logo após sua restauração. De modo geral, a maioria dessas pessoas são incondicionais apoiadores do governo de Brasanunca.

Neste bairro localizam-se o Castelo Never, o Salão da Justiça, a Casa do Conhecimento, a taverna Máscara de Pedralua, a Case de Comércio Tarmalune e parte da muralha que separava o bairro do Precipício.

Praça de Nevenunca; arte conceitual do jogo Neverwinter Nights 2

O Distrito Lagonegro

Agora o Distrito Lagonegro, que recebeu este nome por causa do lago homônimo, fica na parte noroeste da cidade.

Originalmente no norte da cidade, este bairro permaneceu praticamente intacto durante os vários desastres que se abateram sobre Nevenunca, principalmente graças aos edifícios reforçados por materiais de qualidade, arquitetura superior e protegidos por magia. Obviamente era um bairro nobre.

Após os desastres, estes edifícios acabaram sendo utilizados como alojamentos para abrigar muitos dos sobreviventes da cidade, protegendo-os dos flagelos que se seguiram (ou seja, fome, doenças e monstros). Nesse processo alguns edifícios acabaram sendo destruídos, vandalizados ou abandonados, e por isso o bairro se parece um tanto diferente do que já foi.

A maioria dos sobreviventes que se refugiaram aqui era de defensores e membros da linhagem Alagondar, e resistiram, muitas vezes com violência, ao governo do Lorde Brasanunca. Os mais violentos deles, os chamados Filhos de Alagondar, reivindicaram o bairro inteiro para si, desafiando os soldados e mercenários de Brasanunca. Aproveitando-se da situação, o Ashmadai (um culto de adoração a Asmodeus) ganhou espaço nos bairro, infiltrando-se entre os refugiados defensores da linhagem Alagondar e até mesmo entre as tropas de Brasanunca posicionadas aqui.

Neste bairro ficam o Lagonegro, o Castelo Never, a Academia Brilhaestrela, a Casa das Mil Faces e tavernas como a Tronco Flutuante e a Leviatã Encalhado.

O Distrito das Docas

O Distrito das Docas fica no extremo oeste da cidade, localizado entre o Enclave do Protetor e o Distrito Lagonegro. Este sempre foi o bairro mais insalubre e perigoso da cidade, escuro, úmido e cheio de bandidos, contrabandistas e corsários. Aqui o contrabando sempre prevaleceu ao comércio. Ainda assim, a riqueza de Nevenunca sempre fez deste um dos principais portos da Costa da Espada.

Após a Praga Mágica, quando enormes pedaços de pedra caíram do céu com a criação de ilhas e ilhotas voadoras, as docas e armazéns do bairro ficaram abandonadas. Depois, quando da erupção do Monte Ignágora, os tremores de terra derrubaram várias das pontes que davam acesso ao distrito e a movimentação das águas transformaram várias das ruas em um lamaçal fedorento.

O bairro só foi reparado com os trabalhadores trazidos pelo Lorde Brasanunca, no ano de 1.467 CV. Porém, boa parte do distrito, a parte mais afetada, ainda esteve em ruínas até o ano de 1.479 CV. Não muito diferentemente do que era antes, o porto ainda é o local de muitos criminosos, bem como de uma sórdida tribo de sahuagin que vive no fundo das águas abaixo das docas.

As docas de Nevenunca; arte conceitual do jogo Neverwinter Nights 2

O Cemitério Mortenunca

O principal cemitério de Nevenunca, que agora ocupa boa parte boa parte da cidade e é cercado por um muro de pedra, tornou-se um bairro por si só. O cemitério recebeu este nome por causa de uma benção comum dada aos mortos quando enterrados aqui, pois acreditava-se que enquanto a cidade permanecesse em um terno verão, os falecidos jamais retornariam como desmortos.

Quando Nevenunca foi assolada pela Praga Mágica e posteriormente arruinada pela erupção do Monte Ignágora, o cemitério foi praticamente destruído e ficou abandonado. Contudo, logo após isso, forças thayanas lideradas pela Maga Vermelha Valindra Mantossombra ocuparam o cemitério e começaram a fazer uso de magias necromânticas para erguer mortos-vivos para serem usados como seus lacaios, e o desastre só não foi maior devido os esforços dos guias do destino, sacerdotes de Kelemvor.

Anos depois o cemitério foi novamente infestado por mortos-vivos erguidos por um Mago Vermelho, desta vez um homem chamado Tolivast, que pretendia amaldiçoar a Coroa de Nevenunca. Ele acabou sendo morto por aventureiros e os mortos-vivos foram mais uma vez destruídos.

No cemitério existe uma encruzilhada de sombras que leva à Semprenoite, a versão da cidade no Sombral. Em Mortenunca também é onde ficam as criptas dos membros da Guilda das Clepsidras.

O Distrito do Rio

O Distrito do Rio, localizado no nordeste da cidade, também é conhecido como Distrito das Torres. O bairro recebe este nome por causa do Rio Nevenunca, que entra na cidade por ali.

Quando o Monte Ignágora entrou em erupção, este bairro foi amplamente destruído, e permaneceu sem reparos até cerca de 1.479 CV. Nesse meio tempo, o bairro foi ocupado por muitas pessoas pobres. Para piorar a situação, o distrito foi invadido por orcs Muitas-Flechas, que dificultaram o inícios dos reparos, sendo um dos bairros da cidade que recomeçaram tarde a reconstrução.

As construções aqui são robustas, e embora não sejam chiques como as do Distrito Lagonegro, a maioria delas é grande o suficiente para abrigar famílias grandes, com até oito membros, além dos servos. O Distrito do Rio agora possui muitas torres de diferentes formas e estilos, que servem a diferentes propósitos.

Neste distrito localizam-se a Torre Manto, uma antiga torre de magos, que durante a Praga Mágica foi teleportada para o Reino Distante, retornando depois de algum tempo, posteriormente ocupada por orcs e, agora, em reforma; a Torre Caída, uma taverna que foi construída com as pedras de uma torre de mago que desabou, e que agora é um posto dos soldados de Nevenunca no bairro; e a Estilha de Lua, uma torre flutuante que era um pedaço de torre de um edifício em Sembia enviado para o Sombral pelos netherienses, e depois enviado a Nevenunca como parte de seus planos de dominação, mas que acabou sendo invadido por aventureiros e transformado em um templo dedicado a Selûne.

O Precipício

O Precipício e o Castelo Never ao fundo; arte de Emrah Elmasli

A abertura na fenda que deu origem ao Precipício como consequência do cataclismo iniciado pela erupção do Monte Ignágora engoliu os o Ninho do Mendigo e o Quarteirão Arcanista.

Em 1.485 CV, o Precipício foi magicamente selado e o que restou foi uma cicatriz no solo. Esta foi uma das coisas que mais custou aos cofres da cidade (e ao bolso do Lorde Brasanunca), e embora tenha havido todo este sacrifício, os muros que separavam o rasgo no solo do restante da cidade ainda estão em ruínas, e boa parte do bairro continua abandonado e desabitado.

Organizações

Com a reconstrução da cidade, muitas organizações passaram a operar em Nevenunca a partir de 1.479 CV, na esteira da promessa de prosperidade, com as mais variadas das intenções. Ainda hoje muitas continuam em atividade e ainda disputam pelo controle da cidade, seja comercialmente, seja religiosamente, seja no submundo. Entre elas, as mais importantes são:

A Convenção. Este grupo é composto por magos que passaram atuar também fora de Nevenunca mais recentemente.

O Manto Multi-Estrelado. Esta é a ordem de magos que apoiava o governo de Lorde Alagondar em 1.370 CV, antes dos acontecimentos da Praga Mágica. Eles foram enviados para o Reinos Distante junto com sua torre, a Torre Manto, e retornaram posteriormente.

Os Mantocinzentos. São uma milícia que protegeu Nevenunca durante o governo do Lorde Nasher Alagondar. Agora eles protegem os cidadãos, de forma independente do governo de Lorde Brasanunca.

Os Harpistas. Uma célula dos Harpista opera secretamente em Nevenunca desde 1.370 CV.

Nova Nevenunca. Este movimento iniciou com o apoio do Lorde Brasanunca e suas intenções de reconstruir a cidade, em 1.461 CV.

A Guarda de Nevenunca. Este é o exército de Nevenunca no final do século 15.

A Vigília Nevescudo. Esta é a força policial da cidade no final do século 15.

A Soberania Aboletica. Esta organização age por trás dos bastidores de Nevenunca, manipulando muitas pessoas da cidade, todas controladas mentalmente por este grupo de aboletes. Ele puxam as cordinhas de suas marionetes desde a erupção do Monte Ignágora.

O Ashmadai. É um culto dedicado à adoração de Asmodeus, o deus da indulgência. Eles ganharam destaque na cidade nos últimos anos.

Os Magos Vermelhos. Esta célula dos magos thayanos, liderados pela maga Valindra Mantossombrio vem atuando em Nevenunca nos últimos anos, e sua intenção é levar adiante os planos do zulkir lich Szass Tam.

Os Ratos Mortos. Originários de Luskan, esta gangue de ladrões de rua compostos por muitos homens-rato vem atuando em Nevenunca e aumentando cada vez mais sua área de influência.

Os Filhos de Alagondar. Este movimento insurgente começou para criar oposição ao governo de Brasanunca, mas foi praticamente debandado em 1.491 CV. Alguns membros mais secretos permaneceram e procuram se reorganizar.

Bregan D’aerthe. Esta companhia mercenária e mercantil, composta de drow e liderada pelo famigerado Jarlaxle Baenre, atua nos bastidores da cidade, assim como o faz em Águas Profundas.

A Ordem da Manopla. Esta facção composta essencialmente de clérigos e paladinos com a intenção de combater o mal passou a atuar com maior presença na cidade a partir de 1.491 CV.


Para mais outras sobre Nevenunca, vejam a Parte 1 desta série.


Referências


GREENWOOD, E.; REYNOLDS, S. K.; WILLIAMS, S.; HEINSOO, R. Cenário de Campanha dos Reinos Esquecidos 3ª edição. Devir, 2002.

JAMES, B. R.; GREENWOOD, E. The Grand History of the Realms. Wizards of the Coast, 2007.

MEARLS, M.; REYNOLDS, S. K.; SERNETT, M. et al. Sword Coast Adventurer’s Guide. Wizards of the Coast, 2015.

SERNETT, M.; DE BIE, E. S.; MARMELL, A. Neverwinter Campaign Setting. Wizards of the Coast, 2011.


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