O Sargento Fata viu os
mercenários recebendo ordens de uma figura sombria. Também não eram
guerreiros de Portsmouth. Aqueles podiam ser soldados de aluguel, cruéis
como demônios, mas pelo menos eram gente.
O que Fata viu logo
fora do acampamento eram apenas sombras. Sombras com sorrisos largos,
cheios de presas brancas. O oficial que tratava com os espectros
escondia o rosto. O Sargento Fata pensou mais uma vez em como odiava
esse tipo de militar. Pessoas que não tinham coragem de ficar na parede
de escudos, que se esgueiravam nos corredores dos castelos e quartéis,
que arranjavam desculpas.
Que pagavam monstros para fazer seu trabalho sujo.
Yuden deveria vencer, Fata tinha certeza disso. Mas não daquele jeito. O
que deveria triunfar era a honra guerreira, a força acima de tudo, o
combate franco, de dois inimigos que sentiam júbilo em se odiar. Aquele
tipo de combate, escondido e através de terceiros, era só desprezível.
Aquilo não era Yuden.
O oficial oculto pagou as sombras em moedas
negras. As criaturas devoraram as moedas, como se fossem petiscos.
Podia ser só imaginação, mas Fata achou ter ouvido gritos vindo de cada
moeda. Talvez fossem almas, talvez fosse outra coisa. Não importava.
Pagar mercenários de sombras com dinheiro místico não era o modo de
Yuden, não era a disciplina e força da pata do leopardo.
Fata sabia o que deveria fazer.
Ele galopou o mais rápido que pôde, mas nem mesmo seu corcel era mais
veloz que a morte. Quando chegou à aldeia, o estrago já estava feito.
Era noite fechada, sem lua. Crianças jaziam mortas nas ruelas. As portas
das casas civis estavam abertas. Lá dentro, só cadáveres. O oficial
lutava sujo, tinha medo de encarar os Cavaleiros da Luz, então matava
plebeus adormecidos. O Sargento Fata não tinha medo de Cavaleiros da
Luz. Ele estava ansioso para pisotear sobre seus cadáveres.
Ele
viu um garoto que não devia ter mais de dez anos estendido, sua boca
aberta vazando sangue. Fechou os olhos da criança. Alguns oficiais
diziam para os nativos de Bielefeld que uma guerra gerava oportunidades.
Que não deveriam se preocupar, pois mesmo uma vitória de Yuden traria
mais aventuras.
— Não há mais oportunidades de aventuras para estes aqui — disse o Sargento Fata, quase como uma prece.
As sombras se voltaram para ele. Tinham ouvido o sussurro como se fosse
um grito. Elas abriram seus sorrisos macabros e se prepararam para
atacar um soldado yudeniano, como se fosse um inimigo.
Para elas, não fazia diferença. Não eram verdadeiros yudenianos.
O Sargento Fata sacou a espada. A lâmina brilhou, uma luz vermelha como sangue. A luz de Keenn.
As sombras pararam de sorrir.
Autor: Leonel Caldela
O texto foi publicado publicamente no Grupo masmorra de Valkaria.
O texto pertence ao autor e o blog não deseja ferir seus direitos autorais apenas aumentar a divulgação do mesmo.
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