sexta-feira, 19 de abril de 2019

Caóticos e Trapaceiros

No princípio, o Caos Arock acabara de voltar de uma das lendárias festas elficas de Nimbarann. 
O Azgher já estava para tomar o lugar de Tenebra. Mal troca de roupas e se deita leva um tremendo susto quando abre os olhos e vê uma sinistra figura vestida de preto em pé ao lado da cama.
 Como uma estátua de trevas, tem o corpo imóvel, mesmo com a reação de involuntária de pavor de Arock e seus gritos de "sou muito bonito para morrer". 

Demora para o cérebro "acordar" ( tarefa em que Caos, seu familiar tem uma participação considerável) e perceber através do breu noturno do misterioso ninja conhecido apenas como Sombra. Na mão estendida em direção à cama, um envelope. Refeito do susto, Arock, com uma mão esfrega os olhos de sono e com a outra apanha a encomenda. Então, com um movimento ágil como um bote felino, o ninja arremessa um pequeno objeto com força no chão. Uma pequena explosão e uma densa nuvem de fumaça preenche o ambiente, junto com um desagradável odor que lembra uma mistura de esterco de vaca com ovo podre. Com a mão tampando a boca e o nariz para se proteger do cheiro e da fumaça, Arock ouve um barulho como de impacto na parede do quarto seguido de um gemido.

 Quando a fumaça se dissipa, Arock vê o homem arqueado com a mão na cabeça. Ao perceber que está sendo observado, o ninja dá uma pirueta para trás e se arremessa janela afora. Dessa vez, Arock ouve um forte impacto no chão lá em baixo e um grito agudo de dor (o quarto fica no terceiro piso do templo) Não era próprio de Sombra errar, mas a simples presença do familiar de Arock, um pássaro do caos, já mudava consideravelmente o rumo das coisas. 

Já se completaram algumas semanas desde que Arock escreveu a Hynn pedindo indicações de um ladino para a próxima missão que os deuses lhe confiaram (as missões de Hyninn sempre precisavam de um ladino). Arock tem um presente dos deuses, assim ele afirma, a Marca do Caos, uma espécie de tatuagem de nascença em forma de dado que muda de cor e número dependendo da missão designada. E que melhor lugar para se arrumar um ladino que Ahlen, o reino dos trapaceiros e larápios? Hynn (um halfling, secretamente clérigo de Hyninn, o deus dos Ladrões) possui uma taverna em sociedade com Cavillan (um jogador de cartas): a Copo Trincado. 

A taverna é talvez o maior ponto de encontro da criminalidade de Nilo, cidade ao sul de Ahlen e onde se situa a Copo Trincado. Hynn é também um dos chefes- fundadores do Hexágono, a expoente guilda criminosa de Nilo. Com um divertido sorriso no rosto, Arock acende o lampião depositado sobre o criado-mudo ao lado da cama, eclipsando assim, a tênue luz do início da aurora que penetra pela janela agora aberta. Preguiçosamente, ainda sob os cobertores, Arock rompe o lacre do envelope e lê a carta que Hynn enviou, onde dizia: 

"Caro Arock Cavillan me entregou sua carta. Pelo que percebi, você me pede a indicação de simplesmente o melhor. Claro que o Hexágono não pode dispor de nenhum de seus Vértices, nem você teria dinheiro para isso. Assim mesmo, lhe recomendarei o melhor profissional que você puder pagar. Há um tempo atrás, pareceu por aqui um jovem talento muito promissor. Vindo de família nobre e neto do prefeito da cidade, freqüentava bastante a minha taverna, onde perdia rios de Tibares em apostas com o Cavillan. Ele é um clérigo de Hyninn e deu um baita prejuízo na guilda criminosa da cidade, levando-os à falência: roubou todo o tesouro embaixo dos narizes dos líderes. O resultado foi que ele teve que fugir e sua cabeça foi posta a prêmio. O primo dele é um dos Vértices do Hexágono e o principal perseguidor dele. A recompensa é considerável. Eu mesmo fui atrás dele, mas umas moedas douradas amigas dele me convenceram de que ele era gente boa demais para ir ao encontro de Hyninn tão cedo. A última informação que tivemos dele é que atualmente ele está em Valkaria onde pode se esconder melhor entre a multidão. Tem uma barraca de venda de amuletos "mágicos". Mas talvez não esteja mais lá, já que ele é um nômade fugitivo. 
Boa Sorte! 
Ass: Hynn, clérigo do Mestre das Artimanhas, sócio-proprietário da taverna Copo Trincado e Vértice do Hexágono. 
PS: Desculpe mandar o Sombra para entregar a carta, eu sei que ele te dá arrepios (a mim também dá, na verdade), mas resolvi aproveitar a passagem dele por Fortuna em missão para o Hexágono. 
PS2: O primo dele ainda oferece uma gorda recompensa pela captura, de preferência vivo, mas morto também serve. Caso esteja interessado no dinheiro". 

Arock suspirou e, finalmente se levantou da cama. Pegou papel e tinta, então começou a escrever duas cartas: uma ao tal Kainof outra a Hynn. Caos, o pássaro do caos, tinha saído com Dado, o trobo, pois se os dois fossem esperar Arock acordar para alimentá-los, morreriam de fome. 
Estava em Nimbarann, mas não ficava na casa dos pais para não atrapalhar o sossego deles. Por isso estava hospedado no templo de Nimb. Trocou de roupa e foi almoçar (no horário que ele acordou café não era mais uma hipótese). Após de errar cinco ou dez corredores ("por que esse templo esta sempre sendo reformado?"), chegou à mesa onde Gharats Porion, a sacerdotisa responsável pelo templo, o estava tomando café. 

- Horários irregulares Gharats. - Arock comentou. 

- E o que é regular em um clérigo de Nimb? - ela respondeu. - Obrigado pela hospedagem, mas eu acho que parto ainda hoje. - Manter parado o clérigo do caos é como engarrafar um dragão, simplesmente impossível. 

-Para onde você vai? 

- Valkaria... 

Nisso a porta se abriu e uma bela cabeleira loira pareceu vir junto com ela: 
- Não sei se eu disse, mas você tem visitas. - Gharats disse. 

Era a irmã mais velha de Arock, Amdira, clériga de Nimb. Amdira era a copia de sua mãe: tinha belos olhos verdes (como o irmão), cabelos loiros esvoaçantes, mais ou menos um metro e setenta e seus sessenta quilos, além de um semblante perfeitamente calmo e tranqüilizante (poderia até transmitir paz para aqueles que não a conhecessem). 
O Clérigo do Caos amava muito todas suas irmãs, o que não impedia que ele ficasse receoso na presença delas: Kilia, sua irmã do meio, era inteligente, paciente, maternal, mas sempre o pegava para cobaia de seus experimentos mágicos; Galian, sua irmã mais nova (e a que ele mais gostava) era brincalhona, juvenil, divertida e adorava o irmão (e isso era recíproco), mas os dois sempre se pregavam peças mutuamente. Mesmo assim Galian e Kilia juntas não chegavam nem aos pés do medo que Amdira causava em Arock: apesar dela sempre manter um rosto perfeitamente calmo, ninguém podia prever o que sairia daquela cabeça completamente maluca. 

Arock achava que se Amdira estivesse sentada no olho de um furacão, sua expressão não mudaria. O Clérigo do Caos respirou fundo, se levantou e andou até a sua irmã. Ela o fitou com a face imutável e seus verdes olhos. Arock tremeu: ele não havia tremido frente a um enorme dragão verde, mas tremia frente a sua irmã mais velha. 

Amdira pegou um papel lambeu e colou na testa do Clérigo do Caos. Conservando a mão em sua testa, ela beijou-lhe a bochecha: 

- Eu também te amo, Amdira. _Arock respondeu. 

Então a clériga de Nimb deu-lhe outro beijo, soltou o papel (ainda colado no rosto de Arock devido à saliva dela) e foi embora cantarolando saltitante. Arock suspirou aliviado ("Pelo menos ela não destruiu nada dessa vez"), pegou o papel de sua testa, limpou a baba e leu:

"Procura-se, Clériga de Hynnin, por vários crimes. Recompensa..." e tinha uma foto de Galian embaixo. 

- Como se já não bastasse os deuses para me ocuparem e eu ainda fui brindado com essas três jóias elficas, que são minhas irmãs. - O clérigo do caos riu irônico para Gharats. -Deixe-me fazer as malas. 

Ainda no corredor, de um canto envolto em sombras, surgiu um belíssimo vulto. Parecia ser a própria Tenebra: pele branca, cabelos e olhos profundamente negro, vestida (ou quase) de cinza e carregando duas laminas típicas de elfo negro. Era Felícia, a enviada de Hynn e outro dos seis Vértices do Hexágono: 

- Tem algo para mim bonitinho? - a meio elfa disse insinuante.

Felícia conhecida como a Bailarina de Tenebra, com sua habilidade como dançarina das sombras e seu charme fatal, além de berço nobre e contatos magníficos, era uma ladina temida e respeitada. Seu fã clube era extenso entre os criminosos, principalmente os de Nilo. 

- Só se você tiver algo para mim! - Arock disse a puxando para perto de si. 

- Não me provoque, eu posso gostar! 
- Vou correr o risco... - Arock a puxou para dentro de uma das muitas salas em reforma do templo. Arock deu algumas instruções finais para a meio-elfa ("como é bela") e ela desapareceu nas sombras, não sem um beijo de despedida. 

Depois das cartas devidamente entregues a Felícia, Arock seguiu ao seu quarto. Lá Caos tentava, sem muito sucesso, convencer Dado de que ele não devia pular a janela para dentro do quarto. O trobo acabou por entrar, para prazer de seu dono. 

- Senhores façam as malas, partimos ainda hoje para Valkaria. - Arock concluiu animado. Dado obedeceu prontamente, empacotando com o bico, roupas, armas, itens mágicos...

 - Porque nós vamos para Valkaria, Arock? - Caos perguntou. Agenda de contatos, garrafas de vinho, livro de autógrafos... Bonequinhos de pelúcia (deuses, Niele, Hit, Dee, dentre outros da coleção particular de Dado), um polidor de chifres, pente para penas...

- Trabalho, como sempre, meu bom pássaro. Eu preciso de ajuda de um ladino para uma missão de Hynnin... - o clérigo respondeu. -... Aí o Hynn me deu um contato de um tal de Kainof, e eu escrevi uma carta combinando de nos encontrarmos lá na capital... 

O trobo continuava guardando os itens, livros ("Valkar e Lalkar simples para corvos", "Seja uma ave feliz", "Meu mestre é um tonto: guia para familiares insatisfeitos"...), óculos para aves, pássaro do caos e pronto: o trobo fechou a mala. 

-... Coincidentemente minha irmã também esta sendo procurada lá. Então eu mato dois kobolds com uma bola de fogo só! Não é ótimo Caos?! Caos? 

- Arock olhou em volta. - Caos?... Dado, você viu o Caos por ai? O trobo balançou negativamente a cabeça. - Estranho eu acho que o vi aqui, agora mesmo... 

Episódio 2 – O vigarista

- Olha o rapa! O RAPA!
É incrível o poder da palavra. Sobretudo a palavra rapa entre os comerciantes ilegais de bugigangas no centro de Valkaria, a maior cidade do mundo. Tão grande e com tanta gente passando pra lá e pra cá que é possível passar toda uma vida nela e mesmo assim não conhecê-la a fundo e por inteiro.
Muitas pessoas são atraídas a Valkaria pelas inúmeras oportunidades que a cidade oferece. Alguns estabelecem pequenas barracas móveis onde vendem utensílios das mais variadas origens e (in) utilidades. Geralmente não têm autorização da prefeitura para comércio, não pagam taxas ou impostos, não prestam conta da procedência de seus produtos, que, aliás, são alvo de várias reclamações de mau funcionamento. O povo os chama de “roleiros”.
Periodicamente a Guarda Municipal de Valkaria realiza inspeções de apreensão nos locais onde normalmente se reúnem os roleiros. Essas incursões da Guarda são conhecidas por “rapa”. Quando isso ocorre, é uma verdadeira avalanche viva de vendedores em fuga, carregando o máximo de seus produtos que conseguirem suportar nos braços. É verdade que a maioria dos guardas inspetores não deseja mais do que “molhar a mão”: receber propina para fazer “vista grossa”. Assim Valkaria vai indo... E os roleiros também.
Entretanto, nem todos os roleiros têm os Tibares suficientes para a “molha” toda vez que há um rapa. Resta a eles fugir sempre que vêem um oficial da Guarda.
- Ei cara! Não ouviu? O rapa!
O rapaz franzino é sacudido de seus devaneios e vê a multidão passar correndo na frente da sua barraca. Ao longe um grupo de oficiais da Guarda de Valkaria se aproxima: um rapa!
Um saco de estopa e alguns segundos são mais que suficientes para todos os medalhões, frascos e amuletos sumirem da barraca. O lucro do dia para a algibeira e pernas-pra-que-te-quero.
Na correria, um encontrão. E outro. E mais um, dessa vez um desequilíbrio. De repente, a parede: um beijo forçado, um “galo” na testa, um corte no supercílio e um corpo na poeira do chão.
- Ei você! Espere aí! Milícia de Valkaria!
Só sobrara ele na rua. Os outros, mais ágeis e experientes no assunto, já haviam escapado. Mas o rapaz ferido se levanta de um salto e corre rapidamente. O medo faz milagres com o limite da dor e da capacidade muscular...
- Alto! Pare em nome da lei! - o guarda brada as frases ícones e de impacto de todo oficial da lei. Mas isso não intimida, já ouviu aquelas mesmas palavras muitas vezes antes.
A visão dificultada pelo sangue que escorre sobre um dos olhos não impede que veja a entrada para um beco salvador. Acelera a corrida e entra bem antes do guarda perseguidor, que quando chega, percebe que o fugitivo sumiu. No beco, somente um inocente macaquinho revirando o lixo.

Ferido, carregando um saco de bugigangas nas costas, sujo e cheirando a lixo, o jovem caminha até um templo de Marah. Odeia aquele lugar cheio de mendigos e pedintes, mas lá pode tomar um banho e receber cuidados médicos graça. Alcem de ser um lugar tranqüilo, perfeito paras se esquecer do estresse de um dioa estafante de trabalho árduo.
Depois a mesma taverna-estalagem capenga de sempre:
- Dia duro Senhor Kainof? - pergunta o taverneiro.
- Nem me fale Olmo! - reclama o rapaz cansado.
- Um bom vinho pra relaxar? - oferece o comerciante.
- Não. Não hoje, de novo. Me vê o de sempre: um caneco daquela sua cerveja aguada...
O taverneiro pega um copo parcialmente limpo e enche na torneira do barril. Serve o cliente que bebe ávido.
- Você tem que parar de colocar água nesse barril, Olmo. Daqui a pouco não terá mais gosto algum. Ou pelo menos coloque uma água de qualidade... Isso aqui são larvas? - pergunta o freguês apontando o resto do líquido no fundo do copo de vidro. - Que nojo!
O atendente pega o caneco, analisa, dá de ombros e deposita o resto de volta no barril.
- O que temos no jantar hoje Olmo?
- Sopa de grão-de-bico com miúdos de frango.
- Outra vez! - desanima Kainof - é a sexta vez essa semana! Deixa pra lá, fiquei sem fome. Passe a chave do meu quarto, por favor, Olmo.
- Para a cama tão cedo? Não fará uma visitinha hoje às moças da Senhorita Natasha?
- Não, elas...são...exigentes quanto a data do pagamento...
Olmo alcança a chave ao seu inquilino.
- Que decadência! De nababo a mendigo. Eu que já fui grande, famoso e rico... - lastima o jovem sumindo no corredor escuro.
- Boa noite Senhor Kainof!
Olmo faz gestos circulares com o dedo perto da cabeça.
- Esse aí tomou meio copo de cerveja e já ficou bêbado! - comenta o taverneiro com o cliente mais próximo - Pra você ver como é boa essa minha cerveja.
Kainof ouve cornetas de caça e latidos. O som é irresistível, precisa segui-lo. No caminho, homens correndo com medo. Os latidos aumentam. O som também. Ele vê uma raposa montada num cavalo soprando um clarim. Os latidos aumentam mais. De repente a raposa tira do bolso um objeto e arremessa na direção dele. É um dado que aumenta, aumenta cada vez mais que chega perto. Já é do tamanho de um homem. Choque! Ele acorda na estalagem em que dormiu. Um sinal, e bem claro.

- Bom dia Senhor Kainof! - sem receber resposta, Olmo prossegue - Ah, esqueci de lhe avisar que ontem à tardinha um homem esteve aqui lhe procurando.
- Ah é?! - assusta-se - Como ele era?
- Agora que o senhor perguntou, era um sujeitinho bem estranho, acho que era meio maluco...ou estava bêbado...ou...
- A aparência Olmo! - corta-o - Carregava armas?
“Ele é bem folgado para um baixinho magrelo!” - pensa Olmo ofendido.
- Ele tinha uma bainha na cintura, mas não vi arma nenhuma guardada. Tinha meia altura, cabelos e cavanhaque pretos, roupa de clérigo e muitos anéis e amuletos pelo corpo. Chapéu e um corvo no ombro.
- Um corvo no ombro? Um tapa-olho e perna-de-pau também?
- Só o corvo senhor... - titubeia o taverneiro.
- Você não disse a ele que eu estava aqui, disse?
- Não era pra dizer?
- NÃO!
- Ufa! Ainda bem que eu não disse...
- Eu acho que você deveria aprender a mentir melhor Olmo. - conclui cansado, massageando as têmporas.
- O que o senhor quer dizer com isso?
- Que você, com sua burrice estratosférica, não só disse que eu pernoito aqui, como disse onde trabalho, onde ele poderia me encontrar. Mas como tive uns probleminhas, houve um desencontro.
O taverneiro fica rubro de vergonha e raiva. “Ele é mesmo bem folgado!” - pensa indignado com a ingratidão do cliente. O inquilino vira as costas e se dirige à saída.
- Hoje é dia do pagamento semanal Senhor Kainof, não esqueça! - alerta Olmo já irritado.
- Eu sei! - declara entre dentes - Eu sei...
- Ei! Essa chave colou na minha mão! Alguém me ajuda aqui, por favor!
Kainof vai embora rindo.

Prevenido, Kainof prepara sua banca em local diferente hoje. Espalha seus amuletos, supostamente mágicos para venda: ofício aprendido na viagem que fez a Luvian, no reino de Fortuna. Seus frascos de poções-placebo cuidadosamente distribuídos no balcão.
Caminhando entre as barracas espalhadas pela rua, olhando distraidamente os produtos, um jovem de chapéu de abas largas que escondem o rosto, roupa comum aos clérigos do Panteão, manto azul da Academia Arcana e muitos, mas muitos amuletos pendurados no pescoço e fixados nas roupas. Já vira pessoas com a mesma moda em Fortuna, onde, para se atrair sorte, usa-se os mais diversos amuletos. Seguindo o rapaz, um trobo albino e um corvo.
- Crá! - grasna o corvo quando o jovem passa na frente da barraca.
- Tem certeza? - pergunta o jovem dos amuletos ao corvo.
- Cráá... - agora um grasnar de enfado, se é que é possível a um corvo demonstrar enfado.
Kainof simula distração polindo um medalhão. O estranho ergue o chapéu e expõe profundas olheiras de quem passou a noite na farra sem dormir.
- Senhor Kainof? Kainof Riguad? - indaga com sonolência o desconhecido.
- Quem quer saber? - pergunta Kainof, fingindo trivialidade e disfarçando o medo.
- Arock, o Clérigo do Caos!

Continuaria no próximo episódio... Mas os autores  não  concluiram o conto/novel

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Autores
Texto: Rômulo "Kainof" Ohlweiler
Idéia original: Arthur "Arock" Diniz

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