Originalmente publicado na Dragon Magazine nº 123, de julho de 1.987
por Ed Greenwood
traduzido por Daniel Bartolomei Vieira
imagem de destaque, “Musicians” de Gerard van Honthorst
Os Reinos Esquecidos
exibem uma seleção rica e variada de músicas, exatamente como a nossa
própria Terra moderna, desde tambores e trombetas feitas de chifres das
tribos orcs até sinos de tons estranhos dos anões e gnomos, até os
assobios e tantãs dos halflings às assombrosas flautas e harpas dos
elfos. Até mesmo para descrever as baladas dos humanos do Norte seria
necessário escrever um livro inteiro, então um resumo deve ser
suficiente.
A
maioria das músicas dos Reinos soam aos nossos ouvidos como os ritmos
medievais e danças renascentistas, com tons suaves e alegre e com a
melodia conduzida por uma corneta ou harpa (ou ambos, entrelaçando
contra-melodias) e o ritmo é marcado por trombetas graves ou tambores.
Tanto as baladas quanto os instrumentos nos Reinos sugerem um
intercâmbio generalizado entre a época atual dos Reinos e o passado no
nosso próprio mundo; muitos instrumentos conhecidos pelos músicos do
nosso passado são comumente usados nos Reinos. Estes incluem o bandolim,
a cítara, o dulcímero, a harpa, o alaúde, a lira, o mandolim, o
saltério e o shawm (o instrumento de dupla palheta que foi o ancestral
do oboé e do fagote). Outros instrumentos empregados nos Reinos seriam
imediatamente reconhecíveis pelos músicos da Terra, mas são conhecidos
nos Reinos por nomes diferentes. Estes incluem a flauta
(trombeta-longa), o violão (yarting), a flauta pã (flauta-pássaro), a
flauta doce (trombeta-cantante) e o pandeiro (tantã).
No
entanto, alguns instrumentos dos Reinos não têm contrapartes idênticas
na Terra, embora a maioria seja facilmente reconhecida (embora não seja
facilmente dominada) pelos músicos da Terra.
Estes incluem o glaur, o tambor-de-mão, o thelarr, o tocken, o gongo-de-guerra e o zulkoon, descritos adiante.
Glaur
O glaur
é uma corneta curta, de boca larga e curva, semelhante a uma cornucópia
ou trompete em forma e de prata (que dá um tom mais limpo), elétro ou
latão. Um glaur é quase sempre equipado com uma fileira de válvulas
tubulares, como as de um trompete, de modo que o som que ele produz pode
variar em tom. Aqueles glaur sem válvulas são conhecidos como gloon, e
são sempre tocados por grandes grupos de músicos, cada um com uma
melodia que soa diferente, de modo que as melodias podem ser combinadas
ou os acordes de fanfarra montados. Um tom de glaur é um rugido metálico
alto e estridente. Pela ação do sopro, um instrumentista de glaur pode
fazê-lo rosnar. As válvulas de um glaur não alteram o som da corneta por
mudanças distintas de nota, pois são manipuladas (se a corneta estiver
sob fôlego contínuo), mas sim, fazem com que o tom do instrumento se
desloque ou escale a partir da nota tocada no momento até aquela recém
escolhida para ser tocada. Um grupo de glauren (a forma plural de
instrumentistas de glaur) pode fazer um tom melódico contínuo e
rodopiante que lembram um pouco as gaitas de fole.
Gongo-de-Guerra
O gongo-de-guerra,
ou gongo-escudo, é um instrumento às vezes moldado a partir dos escudos
de metal destruídos dos inimigos vencidos, mas mais frequentemente
feito de círculos maciços e surrados de bronze, variando em termos de
peso, espessura, curvatura e número e padrão de buracos de recortes – de
variadas formas perfuradas pelo metal. Gongos-de-guerra são pendurados
em tripés (quando no campo), suspensos de vigas horizontais suspensas ao
longo de galerias de menestréis em um salão da corte, ou carregada em
jugos de madeira esculpida sobre os ombros de músicos em um desfile ou
quando há uma marcha militar para a guerra. Eles são soados por malhetes
de madeira enroladas em tecido ou tiras de cortiça, e são usados para
produzir efeitos súbitos (como nosso gongo oriental) ou tocados
levemente e ritmicamente para produzir um som contínuo, profundo e
audível por quilômetros, o que os torna úteis para sinalizar. Uma
fileira de torres em uma muralha fortificada nos Reinos (como aquelas na
Muralha dos Gigantes, que defende Aglarond de Thay) emprega esses
instrumentos como gongos sinalizadores.
Tambor-de-Mão
O tambor-de-mão
é um cilindro de madeira grossa e polida , às vezes composto de pedaços
unidos por faixas de ferro e envergado para fazer uma curva antes de
ser lacrado, mas o ideal é ser uma seção oca de tronco de teixo,
pau-ferro ou cerejeira. Ambas as extremidades do tambor, que normalmente
são de 30 a 60 centímetros de comprimento e 15 a 20 centímetros de
diâmetro, são cobertas com couro esticado para formar um instrumento tal
qual um atabaque. è é normalmente pendurado através de uma alça sobre
um dos ombros e e tocado ao se bater ou estapeá-lo. O tom do instrumento
pode ser silenciado ao se apertá-lo contra o peito ou na dobra de um
braço. Ele é usado para manter o ritmo ou, às vezes, para indicar
perigo, o som de passos e (pela batida) emoções ao se narrar contos nas
tavernas.
Thelarr
O thelarr,
ou apito-de-caniço, é um junco longo e comprido cortado dos pântanos
por todos os Reinos, onde cresce em água parada até 12 metros ou mais
(mas raramente pouco mais do que três metros e meio acima da superfície
da água). Somente a parte do junco que se desenvolve acima da superfície
da água pode ser usada. Quando cortado, geralmente em pedaços de 1,2 a
1,5 metros de comprimento, e deixados secar lentamente sobre rochas
perto de brasas (ou sendo colocado em rochas expostas ou outra
superfície iluminada pelo sol em um clima bem quente), o junco forma um
instrumento de tubo, longo. Uma extremidade é soprada, produzindo um tom
que varia de acordo com o comprimento de cada tubo. Um instrumentista
pode usar vários juncos colocados em sequência perto da mão, mas estes
nunca são presos juntos, como nas flautas pã, pois a vibração de um
junco faz com que todos os outros soem, e a cacofonia resultante é
dolorosa de se ouvir. O tom de um thelarr sempre tem uma qualidade
vibrante e intensa, produzida pelas fibras secas do interior oco dos
juncos. A casca dura do tubo sempre permanece ligeiramente flexível, e
um instrumentista habilidoso de apito-de-caniço pode variar o tom
ligeiramente, causando um efeito de gorgeio ao se apertar o junco com as
mãos a diferentes distâncias da extremidade soprada do instrumento.
Tocken
O tocken
é um conjunto de sinos de madeira ovalados, de extremidades abertas e
tamanhos graduados, pendurados em fileira a partir de uma seção de junco
ou galho (que pode, por sua vez, ser afixado em um poste reto ou
arqueado). Ele é tocado como um xilofone, ao se bater nos sinos com uma
vara de madeira. Às vezes, os tockens são feitos de latão no Sul, mas
esses espécimes são ridicularizados no Norte (aproximadamente, ao norte
da altura de Amn para adiante nos Reinos neste caso, do Mar Interno até a
Costa da Espada) como sendo sinos de gado, não tendo o tom sutil que a
madeira esculpida oferece.
Zulkoon
O zulkoon é
uma longa caixa de madeira retangular que se estreita no topo. O fundo
do instrumento tem uma “barriga” de acordeão de couro pesado que tem uma
tendência a se romper (criando um sopro e apito irritantes), que o
instrumentista descansa no chão (ou liteira ou charrete, se for móvel) e
bombeia com um pedal de pé. O vento criado desta forma sobe o corpo do
zuldoon e emerge em uma série de buracos, que são revestidos por marfim
ou chaves de osso e cordas de metal, dedilhados ou sacudidos pelo
instrumentista para criar sons, de modo que o zulkoon funcione como um
tipo de acordeão, com um som de zumbido de fundo. Os zulkoons precisam
de cinco ou seis braços para serem tocados adequadamente, caso os
controles sejam complexos, e alguns desses instrumentos de corte são
maiores que o normal e são tocados por dois músicos (mais dois ou mais
sopradores-bombeadores). Órgãos são instrumentos raros e valiosos nos
Reinos e nunca são portáteis; o zulkoon serve como um órgão rudimentar
quando um órgão verdadeiro não puder ser encontrado.
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