As Terras dos Vales (Dalelands) (chamadas apenas "os Vales" pela maioria das pessoas que vivem lá) são conhecidas como o celeiro da Orla do Dragão (Dragon Reach) por causa das belas e abundantes plantações destes pequenos vales arborizados produzem. Uma das mais belas e pastoris regiões de Faerûn, os Vales são bem valorizados por qualquer viajante em qualquer momento – mas esteja avisado: Muitos dos viajantes que os vê ficam irremediavelmente apaixonados por sua beleza e sua liberdade idílica e, posteriormente, pensam em não morar em nenhum outro lugar dos Reinos.
Mesmo as pessoas que dão de ombros para os contos de escondidas florestas élficas, cervos acuados e fazendas verdejantes, já ouviram falar dos Vales, pelo menos como “Aquele rincão pitoresco onde o mago Elminster vive - no, ahn, Vale das Sombras, certo?”. Aos poderes vizinhos, como os Zhentarim, os reinos de Sembia e Cormyr, e as cidades de Colina Longínqua (Hillsfar) e Mulmaster, os Vales são um prêmio pelo qual vale a pena lutar: ricas fazendas que cada poder deve negar a seus rivais a todo custo. De Azoun de Cormyr ouvi-se dizer: "Meu pior pesadelo são os Zhentarim lançar seus olhos em meu reino e em Sembia, ao leste, depois que tiverem os Vales confortavelmente suas mãos". Um emissário Sembiano foi visto concordando que tal apreensão dos Vales jamais deveria acontecer.
A independência resistente do Povo dos Vales (Dalesfolk) – notavelmente dos habitantes do Vale do Arco (Archendale) e do Vale das Sombras (Shadowdale) – ajudou a frustrar as ambições imperialistas de muitos dos maiores e mais poderosos reinos e cidades-estado na Orla do Dragão (Dragon Reach), e manter os Vales livres. O povo do Vale das Sombras (Shadowdale), sozinho, repulsou com sucesso quase uma dúzia de invasões lideradas ou patrocinadas pelos Zhentarim.
O viajante vai encontrar nos Vales o paraíso bucólico que os menestréis de toda Faerûn cantam, e o sofrido povo das cidades de Portão Ocidental (Westgate) até Águas Profundas (Waterdeep) pensam que todos os campos, em toda parte, são uma terra onde os animais são gordos, as colheitas são abundantes e as campinas ou as florestas densas encontram os olhos para onde quer que se olhe. Mas os Vales têm os seus perigos, pode ter certeza disso. Assim que os vigilantes elfos deixaram Cormanthor, o manto silvestre da antiga floresta em torno dos, comparativamente pequenos, assentamentos humanos nos Vales, bestas predatórias e, há muito escondidos, poderes sombrios surgiram para tomar seus lugares. Viajantes são avisados de que até mesmo os lenhadores locais que se aventuram nas profundezas frondosas da floresta apenas o fazem em grandes e bem armados grupos. Bugbears, trolls, ursos coruja e predadores piores muitas vezes se esgueirem em torno das fronteiras de muitos dos Vales. Aqueles viajantes sovinas, tais como os comerciantes de Cormyr e de Sembia, que habitualmente economizam algumas moedas jantando em estalagens e então dormindo à luz das estrelas nos bosques nas redondezas, podem encontrar neste hábito um erro fatal quando nos Vales.
Alimentos para forragear e água de graça para se beber são, no entanto, abundantes nos Vales, e os viajantes podem até mesmo encontrar plantações selvagens nos resquícios crescidos de algum Vale abandonado ou de algum forte desocupado. Cervos são abundantes – até mesmo muito abundantes – ao longo dos Vales, e o porco-espinho, a marmota, o javali e o urso marrom são igualmente presentes e frequentemente encontram seu caminho para as mesas dos Vales. Muitas bagas, samambaias comestíveis e cogumelos crescem selvagens nas clareiras das florestas, e os próprios vales verdejantes produzem colheitas ricas de trigo, cevada, aveia e todos os tipos de vegetais. Bovinos, suínos e (cada vez mais) ovelhas são mantidos por agricultores dos Vales, e a região produz queijos finos e boa cerveja; e também comuns, porém baratos, vinhos em abundância.
Mesmo um empobrecido viajante nunca precisa passar fome nos Vales. Um velho costume ainda honrado nesta região é o "bater e comer". Se um viajante bater na porta de uma cozinha e disser "três cobres", o cozinheiro lá dentro abre uma escotilha de serviço. O viajante oferece um copo ou caneca com as moedas lá dentro e os recebe de volta cheios de cerveja barata e acompanhados por um pedaço de queijo e um bom naco de pão amanhecido.
A presença dos elfos manteve a invasão humana na floresta ao mínimo durante gerações. A floresta da Corte Élfica (Elven Court) ainda era o lar de uma nação élfica forte, o último remanescente do outrora poderoso reino de Cormanthyr, em alguns locais, até alguns anos atrás. O corte de árvores agora está começando a aumentar, entretanto. Os construtores de navios de Sembia e de outras partes voltaram seus olhos para as árvores retas, maiores e mais compridas do que aquelas que estão em qualquer outro lugar dentro do alcance fácil de seus mercados, e as árvores dos Vales fariam mastros ideais para suas embarcações mercantis cada vez maiores. O visitante é avisado, no entanto, que a maioria dos Vales considera a floresta em torno de seus assentamentos como sua propriedade particular. Tentativas de cortar e retirar madeira são respondidas com resistência armada.
Um dos mais lendários tesouros de todos os reinos ainda dorme aqui no coração da floresta da Corte Élfica (Elvem Court): a abandonada e tomada pelo mato cidade de Myth Drannor. Diz-se que esta cidade arruinada ainda contém muita de sua magia, mas que também é o lar de feras temíveis e monstros de outros mundos. Somente os aventureiros mais poderosos se atrevem a procurá-la; outros encontram apenas uma morte rápida por lá.
Os Vales também têm outros locais estranhos e perigosos. Muitos comerciantes andam através de um desses locais sempre que viajam pela Estrada de Rauthauvyr (Rauthauvyr's Road) entre a Pedra do Acordo (Standing Stone) e Essembra: um vale arborizado onde uma escuridão flutua pela floresta. Esta treva vigilante é adornada com estranhas luzes à deriva e sussurros que ninguém gostaria de estar por perto ao acampar. Os bardos chamam este lugar de Vale das Vozes Perdidas (Vale of Lost Voices) e cantam sobre os fantasmas de guerreiros élficos caídos que perambulam por entre as árvores. Dizem que tais fantasmas estão sempre de guarda contra intrusões dos não elfos e que são auxiliados por baelnorn e, mais mortal ainda, por coisas misteriosas que não morrem. Muitos contos cheios de medo sobre as assombrações do Vale são narrados em tavernas Sembianas e no Mar da Lua (Moonsea), e cada bando de pretensos caçadores de aventura que mergulha no Vale em busca de joias e magias élficas, volta correndo – brancos de medo e em menor em número – somente para acrescentar novos medos aos velhos contos já cheios deles.
Ao andar através das fazendas ensolaradas e dos jardins abundantes dos Vales, é fácil ridicularizar tais contos, mas no coração escuro das profundezas da floresta, as lendas parecem muito mais reais. Os Vales são belos – porém o viajante faria bem em lembrar-se que eles podem ser tão mortíferos – e merecem tanto respeito - quanto a mais arrogante das cidades de guerreiros ou a mais imperiosa morada de magos e feiticeiros.
Traduzido por Daniel Bart
Retirado do suplemento Volo’s Guide to Dalelands, por Ed Greenwood
Nenhum comentário:
Postar um comentário