segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

A driade das Profundesas

Em Salistick, o colégio de medicina Real sempre esta aberto a palestrantes com os mais exóticos temas.  O doutor Victor Van Virass, especialista em exploração subterrânea é um dos convidados. Para uma platéia repleta de jovens médicos exploradores, o velho doutor, medico de Salistic e Arcano da escola de magos começa sua palestra:
- Trevas. A total ausência da luz solar. Escuridão plena e absoluta. – Ele para um instante para dar ênfase a imagem que se molda nas mentes de quem o escuta.
 -É assim que a maioria de nós, o povo da superfície imagina o subterrâneo. E apesar de a maioria dos lugares do subterrâneo serem assim, isso não define a grande quantidade de  habitats  que  existem sob a superfície nas cavernas  onde os reinos dos anões   existem, e onde mais abaixo outros reinos coexistem, não de uma forma  pacifica necessariamente.
- O subterrâneo é o lar de infindáveis criaturas, versões sombrias de seres da superfície e  outros seres que  se desenvolveram na ausência da luz solar, alguns até mesmo temendo  o toque quente do sol. Na maior parte das galerias de media profundidade o frio é intenso, mas quanto mais fundo se vai, ou quanto mais próximo de um dos rios subterrâneos de lava mais quente é o solo. – Nesse instante ele para, ajeita os óculos, e se move levemente para a esquerda, observando os jovens no local. Seus olhos prescutam a sala, buscando face a face. Percebendo os olhares de curiosidade, de  tédio e de deslumbre que compõem a platéia.  
-Plantas de diversos tipos vivem no subterrâneo, algumas  com uma  bioluminescência tão grande que iluminam galerias inteiras, fazendo com que  as caverna onde se situa se torne uma floresta de  plantas especialmente adaptadas.  – o velho professor acena com a cabeça, e as cortinas da sala são fechadas, no teto, um imenso  tecido negro  grosso cobre alguma coisa.


O doutor Victor se move, até um canto da sala e puxa uma corda. O tecido do teto cai, mostrando o que escondia. Crescendo no teto da sala um imenso cogumelo emite um brilho de luz branca, como a luz da lua cheia. A sala  fica totalmente  clara.  Vozes de assombro  surgem de algumas pessoas. Mas não é só isso, dentro do enorme cogumelo, uma figura feminina começa a cantar. Sua voz é doce e melodiosa.
- Essa, senhoras e senhores, é Daphine. Uma das muitas dríades dos cogumelos subterrâneos.  Esses seres raramente são vistos em Arton. Apenas encontrados no fundo das  mais sombrias florestas  ou em regiões isoladas de Doherin.
Do cogumelo gigante uma escada feita de tentáculos se formou. E por ela  Dhafine  desceu. Para os telespectadores, a figura era de uma beleza cativante. Possuia um corpo feminino delgado, que lembrava de uma jovem voluptuosa. Sua pele era branca como o papel, como se jamais tivesse sido tocada pelo sol (e possivelmente nos últimos 500 anos não mais que três vezes sua pele realmente ficou exposta ao sol).Seus cabelos eram verdes como  se fossem feitos de algum tipo de alga ou visgo verde, e compridos. Seus olhos eram brancos e sem pupilas, seus lábios vermelhos como algumas espécies de cogumelos, e igualmente pontilhados em preto. Suas unhas vermelhas, eram compostas de queratina. E seus pés  não possuíam dedos.  Trajava um vestido de seda amarela. E seu sorriso enquanto cantava, demonstrava uma alegria contagiante.
- Olá! – Disse a jovem com sua voz melodiosa. Estou grata por conhecer o seu mundo.
Graciosamente Daphine caminhou até Vicent, e para a surpresa de todos nasala o beijou.  Vicent parecia extasiado enquanto ao redor dos  dois  uma parede de seda se formava.
 Obviamente que a ação inesperada da jovem  trouxe  o caos aos  jovens  médicos  aventureiros, muitos correram para fora em pânico achando que o  monstro estava  devorando o Doutor Vicent. Ouros, mais temerários se moveram para  atacar as teias demoníacas.  Os primeiros golpes de espada  apenas trouxeram a conclusão de que o material era  resistente ao aço, magias   leves e medias se mostraram  ineficientes contra a teia.
Por dentro o Doutor e a Ninfa Trocavam afagos. O doutor relembrava todos os momentos de sua vida, uma vida de aventuras e perdas. Relembrou da morte de seus primeiros aliados, nas garras de uma  gigantesca centopéia subterrânea.  Lembrou  de quando Rainaldth, foi escravisado por um escaravelho parasita e se tornou parte de uma colônia de escaravelhos.  Relembrou de quando Penelope, aceitou um  simbionte, que se parecia com uma centopéia que recobriu o seu braço moldando se aos tendões e  permitindo a ela formar uma lamina de queratina permanente.  Vicent havia tido uma longa vida que agora passava  na frente de seus olhos.
Cada recordação de Vicent era exibida a todos  em pequenas áreas do imenso cogumelo no teto. A vida de um homem suas conquistas e derrotas  exibida para todos  os que foram  corajosos o suficiente para ficar no salão.
Vicent se sentia em êxtase, sua vida  a sua frente, suas escolhas, sua personalidade tudo estava ali. O tempo passou. Passaram se dias no mundo real até que as imagens pararam de ser transmitidas, apenas uma imagem,  era presente no cogumelo no teto. Era a imagem de Vicent, em seu auge, com 20 anos. Conforme as imagens desvaneciam, os fios de seda perdiam a dureza,  caiam no chão se desfazendo como papel velho ou bolor...  
As pessoas estavam aturdidas, por que quando toda a seda desapareceu, no centro da sala estavam, Vicent,  não mais um velho mas um jovem, e a ninfa. Os Velhos cabelos Brancos haviam retornado aos fortes e numerosos cabelos negros da juventude, as costas arqueadas pela idade, voltavam a ser  costas musculosas de um guerreiro experiente, os olhos leitosos, voltaram a ser de um azul profundo. O velho de 70 anos, se tornara novamente um jovem de 30 anos. O desejo de compartilhar conhecimento substituído pela ânsia a conquistar novos conhecimentos. E tudo o que ele outrora soube,cada conhecimento que teve, era dividido com Daphine. A Driade das profundesas agora sabia tudo que o velho Vicent sabia, Em troca da juventude, ela recebia o conhecimento de cada ação da vida. Vicent não foi o primeiro com quem ela compartilhava  conhecimento, ao longo e 500 anos a dríade havia feito essa troca com  muitos  sábios em busca de juventude.  E com certeza não seria o ultimo.


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