quarta-feira, 24 de abril de 2019

Loja de Ferragens de Elias Creel



Autor: Armageddon
 
"Se você for um ferreiro de verdade eu como o meu chapéu!".
Guss Nossin - incrédulo quanto à aparência de Elias

Oportunidade. Essa é a palavra de ordem em Gorendill. Nos últimos anos a cidade cresceu como nunca, e seu nome já fulgura entre uma das mais promissoras de toda Deheon. Para aqueles dotados de faro para os negócios, ou apenas estavam no lugar certo na hora certa, o expansionismo proporcionou riquezas até então sequer imaginadas para uma cidade de agricultores tão distante da capital. Promessas de riqueza se espalharam como mato em um jardim, atraindo toda a sorte de pessoas para lá. Entre estas estava Elias Creel.

Sonhos

Desde muito jovem, Elias interessou-se por cutelaria e a forja de armaduras, para o desgosto do pai, Jhonan, que queria que seu filho único seguisse seus passos como comerciante de tecidos. Passava dias inteiros auxiliando Joe, o ferreiro que trabalhava próximo de sua casa em Valkaria, ajudando menos e perguntando mais do que os nervos do pobre homem poderiam suportar. Porém, no que lhe sobrava vontade, faltava talento. As várias tentativas de forjar ele mesmo uma boa espada resultavam em peças que pouco se diferenciavam do metal bruto.

Quando não estava na cutelaria, enfurnava-se nas bibliotecas da capital lendo e aprendendo o máximo possível sobre a arte da forja. Através dos livros e dos conselhos do bom ferreiro, adquiriu um conhecimento invejável, sendo capaz de reconhecer os muitos tipos de metais próprios para cada peça, as melhores maneiras de moldá-los, temperaturas ideais e as muitas ligas possíveis. Teoricamente poderia ser um dos melhores ferreiros de toda Arton, mas na prática, a realidade era outra. Elias não era capaz de produzir uma única peça de forma satisfatória, para a alegria do seu pai e o desânimo do pobre aprendiz.

Certo dia enquanto cuidava da loja para Joe, um velho anão aproximou-se pedindo que sua armadura de placas fosse polida. Enquanto Creel trabalhava conversou muito com o simpático ancião sobre sua ambição de se tornar ferreiro e sobre sua total incompetência em relação aos metais. Após uma tarde inteira de serviço, a bela armadura brilhava como nunca. Antes de partir, porém, o anão insistiu para ver uma peça feita por Elias. Ao voltar com uma adaga completamente retorcida, seu melhor trabalho, encontrou apenas a armadura de placas onde estavam apoiados um martelo de forja dourado e um pequeno bilhete.

Nele estava escrito apenas "Pegue este martelo e vá para Gorendill".
 
Ferreiro... Você?

Quando chegou a pequena cidade e adquiriu uma casa, Elias causou furor entre o povo. Nem de longe o jovem parecia um ferreiro. A aparência, o gosto para roupas e os hábitos rebuscados que remontam a educação que recebeu do pai em Valkaria contrastavam com o que todos esperavam de um mestre da forja. Unindo isso ao barulho constante que partia dos fundos de sua loja até altas horas da noite, uma série de boatos sobre o que realmente Creel andava fazendo eram o principal assunto nas tavernas e praças de Gorendill.

O martelo de forja dourado foi para ele o melhor presente de toda sua vida. Com ele conseguia moldar em ferro praticamente qualquer coisa. Toda a insegurança que antes tinha desapareceu como por mágica, e ele finalmente pode forjar, colocar no metal aquilo que antes existia apenas em seus pensamentos. Ficara eternamente grato para com o velho anão, e como forma de pagar pelo que recebera, nunca cobrou por serviços prestados a anões. Era sua maneira de agradecer ao bem que aquele anão lhe tinha feito, permitindo que realizasse seu sonho.

Trabalhando incansavelmente durante o dia, Creel ainda dedica-se a um projeto misterioso, que consome algumas de suas horas de sono. Ao longo da noite vem trabalhando em uma bela armadura que deseja doar para a pessoa que considerar merecedora dela. O que realmente fará o ferreiro decidir quem será o presenteado é algo que Elias não revela. Pelas conversas que teve na Taverna do Minotauro, que freqüenta diariamente e onde faz suas refeições, sabe-se que seus "trabalhos noturnos" estão praticamente concluídos, e que o som insistente do martelo na bigorna irá cessar pelo menos durante a noite, para a alegria dos seus vizinhos.

Elias também tem um interesse especial em relação a espadas. Já aceitou várias delas como forma de pagamento por seus serviços, além de negociar a bons preços peças encontradas em lugares remotos. Quanto mais impressionante for a história ao redor do objeto, maior seu fascínio (e conseqüentemente o valor que ele estaria disposto a pagar) em relação a elas. Alguns aventureiros aproveitam-se disso contando-lhe verdadeiras epopéias sobre os pertences que conseguiram, mesmo que boa parte deles não passe de pura fantasia. Creel, porém sabe distinguir um homem honesto de um bom mentiroso, e não irá cair sempre nas histórias que ouve.

Sua loja também é procurada por aqueles que necessitam de reparos em peças que já possuem, ou que desejam melhorias no próprio equipamento. Em contrapartida, o ferreiro comumente contrata pequenos grupos para buscarem metais dos quais tomou conhecimento através dos livros, cujo suposto paradeiro conhece, mas que jamais ousaria ele mesmo seguir até lá. Elias também leu muito sobre armas e artefatos antigos, e pode além de identificar tais peças, indicar onde possivelmente elas hoje estariam, por um preço simbólico ou alguma arma que o grupo tenha consigo.

Elias possui praticamente todo tipo de artigo de metal em sua loja, desde ferraduras e ferramentas simples até espadas e armaduras completas. Apesar da enorme qualidade dos itens disponíveis, apenas a armadura do velho anão possivelmente é mágica. Alguns aventureiros de passagem por Gorendill já ofereceram quantias razoáveis por ela, mas Creel se recusa a vender o presente. Ela permanece exposta atrás do grande balcão de carvalho, mantida em perfeito estado pelo esforçado ferreiro para lembrar daquele que lhe foi tão generoso.

Entre seus melhores clientes estão o Comandante Marcus Dubeau e a própria Milícia da cidade, que encarrega a ele a manufatura e a manutenção dos tan-koraks - um bastão metálico com ganchos usados pelos soldados locais para prender sem ferir seus oponentes - e Pietro D'Angeli, um dos três magos da Torre, que não deixaria outro cuidar de sua preciosa espada a não ser Elias. Em uma conversa com Pietro sobre o segredo mágico de seu sucesso, Creel mostrou ao mago seu martelo dourado. Apesar do que afirmava o jovem ferreiro, não havia magia nele, sendo apenas uma ferramenta comum a não ser pela chamativa cor amarelo ouro. D'Angeli preferiu não dizer isso para Elias, deixando que ele continue acreditando que o martelo é mágico e não que apenas tinha lhe dado à confiança de que precisava para trabalhar bem.

Há algumas semanas Elias teve uma ótima surpresa encontrando as portas de sua loja o próprio pai. Com um ar contrariado, resmungando algumas poucas palavras sobre os negócios não estarem muito bem naquela época do ano na capital do Império, o astuto comerciante utilizou-se do pretexto de visitar as dependências do filho para conseguir alguns contatos em Gorendill. Elias guardou consigo a alegria de ver o pai interessado nas peças feitas por ele e lhe propôs um negócio que seria lucrativo para ambos.

Elias intercederia pelo pai nos comércios de Gorendill, especialmente junto a Armany, e em troca o comerciante venderia alguns dos seus trabalhos em Valkaria.A parceria foi um sucesso, e desde então, uma caravana liderada por Jhonan parte de Valkaria trazendo belos tecidos, e regressa a capital com algumas das melhores armas e armaduras feitas por Creel. Temendo por sua mercadoria, Jhonan costuma contratar alguns mercenários para fazerem sua escolta na viagem de uma cidade a outra. Apesar de não tratar de valores com qualquer um, os boatos são de que se trata de uma quantia razoável.

Mesmo após ter conquistado fama na cidade, Creel não mudou seu jeito alegre de ser e conserva a mesma modéstia do tempo que trabalhava como assistente de ferreiro. É extremamente amigável para com viajantes, e não recusa uma boa história. Sempre sorridente e levando a cintura seu martelo dourado, quando não está na própria loja pode ser encontrado na Taverna do Minotauro. Mesmo sendo bastante falador, é um ótimo ouvinte e poucas coisas na cidade acontecem sem passar por seus ouvidos.

Rumores e Boatos

-A armadura de placas que o anão lhe deixou é mágica, e pode conceder uma proteção ainda maior ao seu portador.

-Elias irá entregar a sua obra máxima para o grupo que prometer procurar pelo anão que possibilitou a ele a realização do seu sonho de ser ferreiro.

-Nos fundos da sua loja estão os restos de um golen de metal que Elias está sendo obrigado a restaurar. Caso ele não cumpra as exigências do construto ele irá acabar não só com sua vida, mas também com a de toda a cidade.

-D'Angeli forneceu uma quantidade razoável de metal mágico para Elias como pagamento de seus serviços, que ele estaria utilizando em sua obra prima, conferindo um poder ainda maior para ela.


Nenhum comentário:

Postar um comentário