terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

OS homens de Sal para Tormenta 20

 “Por que não vai sair na chuva? 
Por acaso é um homem de sal?”

“Por muitos anos, ouvi o famoso adágio ‘Por que não quer sair na chuva? Por acaso é um homem de sal?’. Essa frase muito me intrigava. Afinal de contas, em nosso mundo existem muitos povos e raças, criados pelos deuses. Alguns são humanóides, outros monstruosos, mas nunca vi nenhuma citação a uma raça de criaturas feitas de sal. Quando atingi certa idade, me tornei noviço na Ordem da Sabedoria de Tanna-Toh e passei a pesquisar profundamente sobre esse assunto. Depois de alguns anos de busca infrutífera, a única coisa que consegui foi o apelido de ‘Salgadinho’ entre meus colegas da Ordem.
Mas minha perseverança era salutar. Em uma de minhas muitas expedições ao Deserto da Perdição, encontrei uma imensa bacia de sal. Empolgado, marquei o lugar em meus mapas e resolvi retornar depois, com um grande suprimento de água, alimentos e magias.
Avançar através da bacia não foi tarefa fácil, mesmo com a ajuda de um guia da tribo dos Sar-Allan. Embora a viagem em si fosse simples, pois a bacia era lisa e sem complicações de viagem, o vento constante carregava grandes quantidades de sal, forçando-me a cobrir o rosto, como meu guia, para evitar arranhões. Mas todas as dificuldades se tornaram uma vitória: encontrei sinais de vida inteligente, e no décimo sexto dia de viagem pela Bacia de Vamm (como a nomeei, em minha homenagem), encontrei a vila das criaturas!
Me apresentei a seus habitantes, usando uma magia para compreender sua linguagem. Fui recebido com alguma desconfiança, mas, ao ser levado à presença do chefe, notei que eles não eram de modo algum belicosos. Não portavam armas, não possuíam animais (de sela ou guerra). Conversei com o chefe, cujo nome não posso reproduzir (talvez o som de seu nome se assemelhe a Crackle-rickle-rockle-ruckle, mas não posso precisar). Descobri muito sobre este povo. O resultado de minhas pesquisas segue em anexo. Agora que retornei para o Reinado, trouxe comigo um pequeno homem de sal (cujo nome pode ser traduzido livremente como Twinkle-sparkle-crock-crock). Esfregarei-o nas fuças e na comida de meus adversários, hahaha! E nunca ninguém mais me chamará de Salgadinho!”
– Do relatório do clérigo de Tanna-Toh Vamm Ossalgar, sobre sua viagem ao Deserto da Perdição

Mais uma das muitas raças que os deuses despejaram sobre o mundo, os homens de sal eram desconhecidos até pouco tempo, embora já habitassem adágios e ditados populares, como este que abre o artigo. Seu idioma é complexo demais, e as poucas traduções que usamos servem para dar uma noção do som feito por estas curiosas criaturas. Eles possuem alguns vilarejos no Deserto da Perdição, mas mesmo lá são muito raros, já que seu maior inimigo é a água.

“Salgadinhos”

Ben10
Tudo a haver com
os homes de sal
 Os homens de sal são pequenas criaturas humanóides, medindo um metro a um metro e vinte. Suas cabeças são piramidais, com um dos vértices da pirâmide no lugar onde ficaria a boca de outras criaturas humanóides. Seus corpos são totalmente feitos de sal.
A cabeça não possui boca, ouvidos ou nariz, mas os olhos têm cores variadas (vermelho, verde, azul). Aparentemente isso se deve à concentração de outros tipos de sais na região ocular. Os olhos são ovalados. Os homens de sal parecem não poder ouvir ou cheirar, mas sentem mudanças na pressão atmosférica e na umidade do ar; usam essa habilidade para prever chuvas.
Os homens de sal comunicam-se por sons estranhos, semelhantes ao som feito ao se comer pão duro ou biscoitos, ou algo assim. Ainda não descobrimos de onde saem esses sons, mas eles se confundem perfeitamente com os sons próprios do deserto. Uma medida estranha, já que não possuem inimigos (nem mesmo os monstros gostam de comer os homens de sal – eles são intragáveis).
Não se alimentam de carne nem de vegetais; sustentam-se aparentemente do vento do deserto, que incorpora novos sais à seus corpos.
Eles reproduzem-se de maneira peculiar, análoga à dos espadas da floresta: destacam pequenos pedaços de si e o colocam num lugar de grande vento. Esse pedaço, depois de algum tempo, se desenvolve para a forma de um novo homem de sal. Desse modo, não possuem sexo definido.
O maior temor dos homens de sal é a água: o simples contato com a água os machuca e grandes quantidades de água podem dissolvê-los. Foi isso o que aconteceu com o pequeno homem de sal que acompanhava Vamm. A pobre criaturinha dissolveu-se durante a travessia do Rio dos Deuses, quando uma grande onda entrou no barco repentinamente. Não restaram vestígios para uma tentativa de ressurreição, já que o sal do corpo de Twinkle-sparkle-crock-crock foi totalmente dissolvido nas águas do rio. A própria umidade do ar já os deixa desconfortáveis e quase em pânico: eles tentam se esconder em qualquer lugar que pareça seguro.

A Saldável (sic) Vida dos Homens de Sal

Os homens de sal vivem em bacias salinas no Deserto da Perdição. A única conhecida pela civilização é aquela que foi descoberta por Vamm Ossalgar, nomeada Bacia de Sal Temperado pela Ordem de Tanna-Toh. Embora pareça muito mais lógico que os homens de sal deveriam viver nos subterrâneos, isso não é possível.
Os homens de sal sustentam-se pelos ventos do deserto; desse modo, precisam viver ao ar livre. Ainda assim, devem fugir da chuva e da umidade assim que estas se aproximam. Não é uma vida fácil.
Não constróem ferramentas de qualquer tipo, mas parecem ser capazes de formar, em algum tempo, ferramentas de sal a partir de seus próprios corpos. Usam estas ferramentas para construir seus iglus e guarda-chuvas de sal.
Os homens de sal acreditam que foram criados pelo deus sol, o grande inimigo da chuva, que em sua língua curiosamente assemelha-se ao nome do Vigilante: Ashr-Gher. O grande inimigo de seu deus é o terrível Plic-plic, senhor da chuva e das águas. Eles possuem clérigos entre os seus, mas não paladinos.
Os homens de sal conhecem e praticam a magia (que classificamos como salimancia), e conhecem a escrita. Escrevem diretamente em pedras de sal, em caracteres pictográficos muito complexos. Não foi possível decifrar nenhum, até agora. Os magos dos homens de sal dominam magias muito raras e desconhecidas, que lidam com o sal e a desidratação. Eles parecem ser os louvados defensores do povo em ocasiões especiais, como o surgimento da chuva, ou dos temíveis elementais da tempestade.
Psicologicamente, os homens de sal são um povo simples, que quer apenas viver e se multiplicar em paz. Dada sua natureza, isso é bem difícil... Alguns membros da raça, como o pobre (e dissolvido) Twinkle-sparkle-crock-crock, têm grande curiosidade sobre o mundo exterior. Esses podem se tornar aventureiros (infelizes e de vida curta, é verdade).

Tormenta RPG

·        Habilidades: Força –2, Constituição +4 e Sabedoria +2
·        Tipo: Humanoíde
·        Tamanho: Pequeno
·        Deslocamento: 6m.
·        Corpo Cristalino: O corpo dos homens de sal tem certas propriedades especiais. Armas de corte ou perfuração nunca causam dano adicional em caso de acerto crítico; o corpo fornece um bônus de armadura natural à defesa igual a +5.
·        Mãos Moldáveis: podem transformar suas mãos e pés em armas ou ferramentas de vários tipos; o dano máximo de qualquer arma é 1d8 (não é possível criar máquinas complexas, que tenham rodas, engrenagens ou peças soltas. Copiar ou modelar peças muito complicadas pode exigir um teste da perícia Ofício (escultura) para objetos como chaves por exemplo).
·       Vulnerabilidade Salitrica:  ataques sônicos ou vibratórios (como nas magias Grito ou Despedaçar) causam o dobro do dano; ataques à base de água (mas não de gelo) causam o dobro do dano e dão um redutor de –4 nos testes para resistir à magia; o próprio contato com a água causa 3d6 de dano por rodada; umidade elevada causa 1d6 de dano por rodada.Quando pressentem a presença de água ou umidade, homens de sal devem passar num teste de Vontade com penalidade de –4 para não entrar em pânico.
·        Sentidos Deficientes: Homens de sal não conseguem ouvir bem outros idiomas, embora outros sons soem claramente para eles. Eles também não conseguem sentir odores ou sabores.
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Autor: Jamil, o kender
Adaptação para Tormenta 20: Fernando Brauner

 

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